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Espanhóis da Europac reforçam da Gescartão
A Harpalus, a “holding” da família Isidro que controla a Europac, passou a deter “directa e indirectamente 75,52%” da Gescartão, informou ontem a empresa portuguesa, depois de ter recebido idêntica comunicação da sociedade espanhola.
A Harpalus, a "holding" da família Isidro que controla a Europac, passou a deter "directa e indirectamente 75,52%" da Gescartão, informou ontem a empresa portuguesa, depois de ter recebido idêntica comunicação da sociedade espanhola.
Esta imputação dos direitos de voto da Gescartão resulta dos 5,13% detidos directamente pela Harpalus, que, de acordo com o comunicado divulgado aos investidores, "tem comprado gradualmente títulos da Gescartão em bolsa desde Março de 2003", tendo atingido aquela percentagem no passado dia 15 de Outubro.
Mas à Harpalus são também imputados os 65% detidos pela Imocapital (sociedade participada em partes iguais pela Europac e pela Sonae). O comunicado é omisso mas para atingir os referidos 75,52% é indispensável contar com a participação detida directamente pela Europac, que atinge portanto 5,39%.
De acordo com o comunicado, que faz referência à "legislação portuguesa", a "Harpalus controla efectivamente a gestão da Europac, tendo em conta a estrutura do conselho de administração desta última": dos seus sete elementos, três são "nomeados por proposta da Harpalus, dois são executivos e dois são "independentes"". A Harpalus detém 49% da Europac, estando o restante capital disperso.
Desenvolvendo o mesmo procedimento para a Sonae, ao grupo liderado por Belmiro de Azevedo podem ser imputados 68,58% da Gescartão. A participação da Sonae na Imocapital é detida pela Socelpac, uma participada da Sonae Indústria.
As posições accionistas imputadas tanto à Sonae como à Europac podem ser relevantes no caso de uma das duas empresas adquirir a participação da outra para efeito de eventual dispensa de obrigatoriedade de lançamento de OPA. Uma vez que a ambas empresas são imputados direitos de voto superiores a 65%, que significa o controlo, o seu entendimento é que a saída de qualquer dos parceiros não altera a posição de domínio, pelo que não deverá ser obrigatório o lançamento de OPA.
Não tem sido esse, provavelmente, o entendimento do mercado, à luz das valorizações registadas pelo título Gescartão nos últimos meses, o que indica que os investidores estão a apostar numa OPA como desfecho da clarificação accionista. As negociações entre os dois sócios da Imocapital prolongam-se há vários meses, estando presas apenas por uma questão de preço.
Segundo fontes do mercado, a Europac, que é representada pela Caixa - Banco de Investimento, terá oferecido uma contrapartida de 12 euros por acção para tomar a posição da Sonae, enquanto esta reclama 14 euros. Mas a Sonae também afirma estar disponível para comprar.