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Empresa francesa aposta em técnica tradicional para vacina anti-covid
Uma farmacêutica francesa que aposta numa abordagem mais tradicional para a produção de uma vacina contra a covid-19 acredita que tem mais de 50% de hipóteses de sucesso, segundo o presidente da empresa, que tem um acordo de milhares de milhões de libras com o Reino Unido em jogo.
A Valneva, especialista em vacinas criada a partir de uma fusão em 2013, é a única farmacêutica nos Estados Unidos e na Europa a desenvolver uma vacina inativada contra o vírus SARS-CoV-2. A abordagem usa uma amostra do coronavírus morto para estimular uma resposta imunológica sem causar a doença. A abordagem tem sido usada há décadas com inoculações para a poliomielite e a hepatite A.
A empresa acredita que o perfil de segurança bem estabelecido de vacinas inativadas permitirá que uma bem-sucedida seja usada num grupo mais amplo de pessoas do que as tecnologias mais recentes testadas por outras fabricantes de medicamentos.
"Estamos a apoiar uma tecnologia real e comprovada", disse Thomas Lingelbach, presidente e CEO da Valneva, em entrevista.
A Valneva assinou um acordo no valor de 1,4 mil milhões de libras com o Reino Unido no mês passado para fornecer até 190 milhões de doses da sua vacina entre 2021 e 2025. O governo britânico também investe na fábrica escocesa da empresa de biotecnologia, onde a vacina - que começará a ser testada em humanos em dezembro - será produzida.
A empresa francesa planeia ter a vacina disponível para uso no segundo semestre de 2021 num regime de duas doses, com reforço um ano depois, em linha com outras vacinas inativadas.
A Valneva também está em negociações com a Comissão Europeia, Canadá e Austrália sobre possíveis encomendas. Não houve negociações com os Estados Unidos, o único país que não procura uma vacina inativada, disse Lingelbach.
A Valneva usa a mesma tecnologia aplicada à sua vacina para a encefalite japonesa, a única existente contra a doença.
Uma série de farmacêuticas chinesas, como a Sinovac Biotech, de Pequim, também trabalham em vacinas inativadas contra a covid-19.