Notícia
Edol conta com o Médio Oriente para remediar a crise interna
Farmacêutica vende para países fora do leque de tradicionais destinos das exportações portuguesas
02 de Agosto de 2011 às 10:01
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Etiópia. Iémen. Líbia. Iraque. Cenários de conflito e drama? Sim. Mas também de oportunidades para alguns. Estes quatro países são alguns dos mercados no radar de exportações da Edol, farmacêutica nacional especializada em produtos de oftalmologia e dermatologia que está a tentar compensar lá fora as dificuldades sentidas em casa, onde sucessivas baixas de preço decretadas pelo Estado vão obrigando o mercado da saúde a fazer e refazer contas.
O presidente da Edol conta que a ida para estes destinos foi feita graças a "muito esforço" e a "contactos privilegiados". Para já as exportações representam 10% do volume de negócios da empresa, que no ano passado rondou os 12 milhões de euros. "Queremos atingir os 50% muito rapidamente", avança Carlos Setra ao Negócios, numa entrevista nas novas instalações da Edol, em Alfragide.
Vamos começar agora a exportar para a Líbia. No Iraque já temos a empresa registada.
CARLOS SETRA Presidente da Edol
A mudança de casa não está completa. A Edol ainda não abandonou o edifício que durante anos e anos tem ocupado em Linda-a-Velha, e gerir esta transferência de instalações de mais de uma centena de colaboradores e equipamento de produção ao mesmo tempo que procura diversificar os mercados é "penoso", segundo Carlos Setra.
Mas se a conquista de novos mercados pode ser vista como remédio para a exiguidade do mercado interno, a verdade é que persistem contra-indicações que obrigam a Edol tomar alguns coadjuvantes. O facto de muitos dos destinos de exportação não estarem no leque de países com relações económicas consolidadas com Portugal tem obrigado a Edol a fazer seguros de crédito e a ter "muita cautela" com os interlocutores. Líbia e Espanha são mercados com os quais a Edol já teve problemas, vendo-se obrigada a encontrar novos clientes para substituir os que não avançaram com o pagamento das suas encomendas.
Apesar disso e da falta de liquidez no mercado financeiro, Carlos Setra considera que no contacto com os bancos "a relação é pacífica". Com lucros nos últimos dois anos, a Edol conta em 2011 voltar a ter resultados positivos. Para os 126 funcionários, que o presidente assegura serem de "boa qualidade", o posicionamento de nicho de mercado pode deixar a Edol imune às guerras das grandes farmacêuticas. Para essas, admite Carlos Setra, "a indústria dos genéricos estará muito comprometida num futuro mais ou menos próximo".