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Sérgio Figueiredo: "É preciso transformar a lógica do donativo em investimento"

Em vez de estar focada em aliviar a exclusão, a Fundação EDP procura promover a inclusão social. A gestão é orientada pela fixação de objectivos quantificáveis.

30 de Novembro de 2012 às 00:01
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Para Sérgio Figueiredo, a questão social e da sustentabilidade devem fazer parte da estratégia de uma empresa. O administrador delegado da Fundação EDP acredita que é preciso apostar no desenvolvimento social, privilegiando os resultados.

Por que é que a EDP decidiu criar uma fundação?

A partir do momento em que o negócio da EDP deixa de ser apenas fazer distribuição de electricidade e a empresa passa também a investir em questões como eficiência energética ou microgeração de energia, está a liderar um comportamento que muda a relação com o cliente. Passa a haver uma relação de parceria e confiança entre a empresa e o cliente. É preciso colocar a questão social e da sustentabilidade no centro do negócio. No centro da estratégia empresarial. Construir uma relação que torna mais aberta a relação com a sociedade. Daí criar a Fundação EDP.

Como é que actua a fundação? Privilegia o assistencialismo ou o desenvolvimento social?

Em primeiro lugar é preciso transformar a lógica do donativo em investimento. A relação com as sociedades com quem trabalhamos não é de mecenas, mas sim de parceiro. É preciso sair da lógica do assistencialismo, para o desenvolvimento social. A Fundação EDP o que faz é colocar recursos para quebrar ciclos de pobreza à nascença e trazer capacidade de inovação que as empresas têm. Passar para a cultura dos resultados. Na fundação fixamos objectivos quantificáveis. Temos que sair da lógica do dinheiro. Em vez de estar focada em aliviar a exclusão, a Fundação EDP está focada em promover a inclusão. Transformar passivos sociais em activos líquidos para a sociedade.

Como é que os colaboradores da EDP participam neste serviço à sociedade?

A EDP tem uma bolsa de horas, em que os colaboradores da empresa podem passar quatro a oito horas dentro do seu horário de trabalho numa instituição social. E isto traduz-se em números. Temos mais de 10.000 horas de voluntariado em IPSS e ONG parceiras.

Das iniciativas desenvolvidas pela Fundação, qual destacaria?

Na cultura, o que diferencia é ser uma plataforma que associa arte e energia. A Fundação EDP tem um roteiro de arte pública associada às barragens da EDP. A EDP consegue transformar betão em arte.

Na área social, a fundação colocou mais de 3,5 milhões de euros em projectos de inovação ou empreendedorismo social. Por exemplo, o programa de saúde oral, associado a 370 dentistas que cuidam da saúde oral de mais de 900 crianças em 90 cidades do país. Com esta iniciativa, o dentista adopta crianças até aos 18 anos. Com este programa estamos a resolver um problema. A fundação fez um questionário e 79% dos recrutadores de recursos humanos disseram que não contratam pessoas com dentes podres. Portanto, ao manter a saúde oral destas crianças, vai conseguir aumentar-se a sua empregabilidade.

Outro projecto é a fábrica de negócios sociais, onde está o projecto das Marias. Tratam-se de pessoas numa situação quase fatal de dependência da sociedade, a transformarem-se em agentes activos.

 

 

Fundação EDP

Quando foi criada

Criada em Dezembro de 2004 pelo grupo que lhe dá nome, a Fundação EDP nasceu com o objectivo de apoiar causas relevantes nas várias geografias onde está presente.

De onde vem o dinheiro

O orçamento anual da Fundação EDP é assegurado em exclusivo pelo grupo EDP e por contribuições dos seus accionistas. Ainda assim, a fundação pretende começar a captar as suas próprias receitas.

Onde é aplicado

Parte significativa do orçamento da Fundação EDP é aplicada para desenvolver, testar e implementar fórmulas inovadoras, com o objectivo de combater ciclos de pobreza e fenómenos de exclusão. Em Portugal e no Brasil, a Fundação apoiou já várias centenas de projectos que beneficiam mais de um milhão de pessoas. Na área social, desenvolve também projectos próprios como uma rede de hortas solidárias e é co-fundadora e/ou financiadora de projectos como a Operação Nariz Vermelho, a Bolsa de Valores Sociais e os Dentistas do Bem. Mantém ainda iniciativas na área da cultura, através de exposições ou prémios para o sector. Na ciência e energia, o ponto central é o Museu da Electricidade, onde está sediada.

Como evoluiu o orçamento

O orçamento de 2012 é de 22,9 milhões de euros, sendo que as contribuições do grupo EDP para a Fundação duplicaram entre 2007 e 2012.

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