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É preciso cautela na subida das taxas de juro, diz vice-governadora do Banco de Portugal

Clara Costa Raposo, que deixa a presidência do ISEG Lisbon School of Economics para o novo cargo, considerou também que, atualmente, há "muito mais exigência" quanto ao desempenho dos bancos no sistema financeiro.

Os portugueses têm um recorde de 177,1 mil milhões de euros parados nos bancos. Rendiam uma média de 0,04% em abril, o que compara com uma inflação superior a 7% nesse mês.
Rafael Marchante/Reuters
12 de Outubro de 2022 às 12:34
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O banco central está mais capacitado para supervisionar, defendeu a vice-governadora indigitada para o Banco de Portugal (BdP) Clara Costa Raposo, numa audição parlamentar, recomendando cautela na subida de taxas juro e mudança de hábitos aos portugueses.

"Neste momento a mensagem é a de termos alguma cautela na forma como se vai promovendo essa subida de taxas de juro nominais, que começámos a verificar este ano, para que não haja uma precipitação que nos faça, logo a seguir, querer inverter essa tendência. Tem de haver aqui algum gradualismo para se ir vendo como as diferentes economias estão a reagir", afirmou Clara Costa Raposo à Comissão de Orçamento e Finanças da Assembleia da República, que vai na próxima semana emitir parecer da designação da nova vice-governadora.

Clara Costa Raposo, que deixa a presidência do ISEG Lisbon School of Economics para o novo cargo, considerou também que, atualmente, há "muito mais exigência" quanto ao desempenho dos bancos no sistema financeiro, que os mecanismos de supervisão e controlo "são bastante apertados" e que há "muito mais acompanhamento" por parte dos supervisores da atividade dos bancos" e mais "conhecimento e capacidade" de supervisionar.

Sobre a saúde do sistema bancário, disse não estar preocupada: "O trabalho feito nos últimos anos garante-nos alguma confiança na situação atual. Temos naturalmente de acompanhar o impacto que a alteração de taxas de juro, etc, possa ter no sistema financeiro", precisou.

Defendendo que arrefecer a subida de preços sem comprometer a atividade das empresas "é um equilíbrio difícil", Clara Costa Raposo, questionada pelos deputados, deu algumas recomendações aos portugueses para enfrentarem o quadro económico de subida de preços e de juros.

"Também estamos a pagar um bocadinho o preço de uma guerra, em que não temos os nossos filhos a combater (..) até resolvidos os problemas de energia, deviamos tentar alterar um bocadinho os nossos hábitos de consumo, para evitarmos estarmos tão expostos", afirmou.

A designação pelo Conselho de Ministros para o cargo de vice-governadora, em meados de setembro, carecia de uma audição, concretizada esta quarta-feira, e subsequente emissão de parecer pela Comissão de Orçamento e Finanças.
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