Durante o seu percurso académico, Vítor Rodrigues, um designer de equipamentos de 34 anos, fez um trabalho de investigação sobre higiene corporal, o que levou a interessar-se pela indústria da cosmética.

Começou então, em 2003, a recolher receitas sobre cosmética portuguesa, sobretudo a que tinha por base a saboaria tradicional e artesanal.

Até que, em 2012, criou a Só Sabão – Saboaria de Viseu, empresa que explora um espaço situado nas traseiras da Sé Catedral, onde produz e vende dezenas de variedades de sabão feito a partir de produtos tradicionais portugueses.

Quatro anos depois, Vítor Rodrigues decidiu avançar com a construção de uma fábrica de raiz, no concelho de Nelas, dedicada à criação de produtos cosméticos naturais à base de azeite e de vinho, onde prevê criar 15 postos de trabalho.

O investimento está orçado em cerca de um milhão de euros, metade dos quais será aplicado no edificado. Daí que, no âmbito do projecto aprovado no Centro 2020 (programa operacional do novo ciclo de fundos comunitários), o investimento elegível ascenda apenas a 245 mil euros, tendo sido atribuído um incentivo financeiro de 110 mil euros.

Segundo a Câmara de Nelas, que assinou um protocolo com o empresário Vítor Rodrigues para a instalação da Só Sabão no concelho, esta é uma "empresa artesanal e não-poluente, cuja principal actividade é a cosmética natural e investigação de produtos naturais portugueses, que, em Nelas, terá por base o vinho e azeite, produtos endógenos da região, que darão lugar à criação de uma nova gama de produtos locais, numa simbiose perfeita entre parceiros, produtores e comunidade".

O protocolo celebrado entre o empresário e o município estabelece a venda de uma parcela de terreno com cerca de 2.400 metros quadrados, na variante de Nelas junto às oficinas municipais, para construção da fábrica da Só Sabão.

Além dessa área produtiva, prevê-se a criação de valências públicas com zona multiusos para a realização de "workshops", exposições, formação no âmbito da cosmética natural e outros eventos, que, enfatiza o município, "potenciarão o desenvolvimento de diferentes circuitos de visitas guiadas à fábrica para públicos diversificados, como escolas, universidades, turistas, entre outros".

Este protocolo insere-se na Política de Apoio ao Investimento e Criação de Emprego do município, que entrou em vigor no dia 21 de Julho do ano passado.

Com este instrumento, a autarquia pretende promover "a criação de mecanismos de apoio à actividade empresarial para a fixação da população, sobretudo jovens e desempregados, tendo em vista a promoção da sustentabilidade económica e da empregabilidade local, prioridade maior no actual mandato autárquico", garante o município liderado por Borges da Silva.