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Costa reitera críticas à Galp. Diz que "lição" passa por “proteção dos trabalhadores”
António Costa assina um artigo de opinião no jornal Público onde volta a apontar o dedo à Galp. “Era difícil imaginar tanto disparate, tanta asneira, tanta insensibilidade, tanta irresponsabilidade, tanta falta de solidariedade como aquela de que a Galp deu provas aqui na refinaria de Matosinhos”, escreve o primeiro-ministro.
Num artigo de opinião intitulado "Coerente, por uma transição justa", assinado enquanto primeiro-ministro, António Costa volta a apontar o dedo à Galp sobre o encerramento da refinaria em Matosinhos. Neste artigo, publicado esta quarta-feira no jornal Público, Costa pretende "esclarecer o que agora disse e que decorre diretamente do que afirmei como primeiro-ministro em maio aquando da Cimeira Social no Porto".
António Costa começa por reafirmar o que disse na Cimeira Social do Porto: "é totalmente coerente com estes princípios e a reação consequente perante a situação criada pela Galp". Recorda o essencial nessas declarações no artigo de opinião, dizendo que um dos maiores desafios que a humanidade enfrenta é o das alterações climáticas. "E esse desafio perde-se ou vence-se nas cidades, porque são estas que emitem 70% do CO2 para a atmosfera. Para vencermos esta batalha há duas áreas de intervenção fundamentais: a eficiência energética dos edifícios e a mobilidade sustentável".
O chefe de Governo sublinha que não tem "nenhum medo em dizer claramente que o processo da Galp" em Matosinhos "é um exemplo de escola de tudo aquilo que não deve ser feito por uma empresa que seja uma empresa responsável." Refere que a empresa revelou "total insensibilidade social ao escolher o dia 20 de dezembro, a 5 dias do Natal, para anunciar aos seus 1.600 trabalhadores que ia encerrar a refinaria de Matosinhos".
No mesmo artigo, António Costa aponta à empresa uma "total irresponsabilidade social" já que a empresa "não preparou minimamente a requalificação e as novas oportunidades de trabalho e de prosseguir a vida ativa, para os trabalhadores que iriam perder os seus postos de trabalho." Além disso, indica que a petrolífera "não revelou a menor consciência da responsabilidade que qualquer empresa, e em particular uma empresa daquela dimensão, tem para com o território onde está instalada, onde deixa um enorme passivo ambiental de solos contaminados, não dialogando previamente com a câmara nem com o Estado sobre o que pretende fazer depois de encerrar a refinaria".
"Ou seja, era difícil imaginar tanto disparate, tanta asneira, tanta insensibilidade, tanta irresponsabilidade, tanta falta de solidariedade como aquela de que a Galp deu provas aqui na refinaria de Matosinhos."
Depois das declarações sobre uma "lição" à Galp, Costa defende que "a pretendida "lição" não é mais do que a utilização do Fundo de Transição Justa e a aplicação da legislação para proteção dos trabalhadores e do futuro do território". O primeiro-ministro frisa que a transição energética tem de ser feita, mas que tal "tem de ser feito com consciência social e com responsabilidade".