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Como Messi expôs a fragilidade financeira do futebol europeu

Barcelona admitiu que o salário multi-milionário do argentino punha em causa as contas do clube. Mas o caso não é único e vários clubes gastam quase tudo o que recebem nas remunerações das estrelas.

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Negócios 06 de Agosto de 2021 às 19:59
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O novo contrato já estava em cima da mesa e a vontade de assinar era mútua. No entanto, os obstáculos económicos acabaram por determinar o fim do percurso de Lionel Messi no FC Barcelona. Na conferência de imprensa desta manhã, o presidente do clube Joan Laporta referiu que o clube já estava acima da massa salarial que podia suportar mesmo sem o contrato de Messi. O rácio dos gastos com estes pagamentos estaria já à volta de 95% das receitas e, caso o argentino assinasse, poderia disparar até aos 110%.

Quando um clube (ou qualquer empresa) gasta mais em salários do que os rendimentos que consegue obter durante um longo período, a sobrevivência poderá ficar em risco. É, por isso, preciso fazer escolhas. Neste caso, Laporta escolheu o clube. "O clube está acima de tudo - até mesmo do melhor jogador do mundo", sublinha o líder, citado pela Reuters.

Mas não é só no Barcelona que salários multi-milionários comprometem as contas. Há uma década, o valor dos salários nas cinco maiores ligas europeias rondava os 5,6 mil milhões de euros, segundo estimativas da Deloitte divulgadas pela agência. Na Série A (de Itália) e na Liga 1 (de França), 75% das receitas iam para os salários de jogadores e staff. Na Premier League, esse valor era 70% e na Liga Alemã, 51%.

Já na última temporada, o valor cumulativo da massa salarial das principais Ligas europeias disparou para 17 mil milhões de euros (20 mil milhões de dólares), num aumento que aconteceu em paralelo com uma queda de 11% nas receitas. Em parte, a descida esteve relacionada com a pandemia que esvaziou estádios.

Assim, os salários pesam ainda mais nas contas dos clubes. O rácio que compara os gastos com pessoal com as receitas subiu para 73% na Premier League (de 61% na época 2018-2019), para 78% (de 70%) em Itália e para 89% (dos anteriores 73%) em França, por exemplo.

Estes montantes ultrapassam as recomendações da entidade máxima do futebol europeu. "A UEFA tem, historicamente, afirmado que um rácio entre salários e receitas de 70% deve ser o limite máximo para os clubes, mas podemos ver vários grandes clubes ultrapassarem esse número e possivelmente a virem a ultrapassar os 100% no curto prazo", explicou Sam Boor, gestor sénior da divisão dedicada ao desporto da Deloitte, à Reuters.
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