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Carlos Costa: "Quem pensa que pode ter almoços grátis está enganado"
Ou a banca concede crédito com menos exigências, e há menos segurança, ou aperta os critérios e a segurança é garantida. As pessoas têm de saber estes dilemas, diz o governador do Banco de Portugal.
A sociedade tem de saber o que quer da banca: se mais crédito, com menor segurança e mais possibilidade de ser chamada a intervir, ou se menos crédito, mas com mais segurança. O dilema foi deixado pelo governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, no Fórum Banca, evento organizado pelo Jornal Económico e pela PwC em Lisboa.
"Um sistema financeiro mais propício a conceder crédito é mais propício a ter acidentes. E como os acidentes não podem comprometer a estabilidade, a sociedade tem de saber se está disponível para fornecer redes de segurança", começou por dizer o governador.
Carlos Costa afirmou mesmo que "quem pensa que pode ter almoços grátis está enganado". "Ou temos uma situação em que, em nome da segurança, a função do crédito fica restringida, com segurança maior, ou temos uma situação em que, em nome da necessidade de promover crédito e o desenvolvimento, está a segurança em causa, e alguém vai ter de assegurar que o sistema não colapsa, seja o contribuinte ou o sistema bancário", continuou o líder do supervisor da banca.
No seu discurso, Carlos Costa defendeu também o papel do Banco de Portugal, que foi alvo de muitas críticas – incluindo no campo político – pelas intervenções na banca, como as resoluções do Banco Espírito Santo, em 2014, e do Banif, um ano depois. Recusou que as decisões tenham resultado de livre arbítrio do supervisor.
"As decisões não são dos supervisores", defendeu o governador. Há um "quadro jurídico" que foi decidido por outros. "Se não se deram conta das implicações, é lamentável, mas não podem os supervisores ficar com a responsabilidade de implementação da lei", acrescentou Carlos Costa.