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Caixa inverte queda de actividade; lucros descem 30% sem extraordinários
Os resultados líquidos consolidados da Caixa Geral de Depósitos caíram 32,8% em 2004, ao passarem de 641 para 448 milhões de euros. Na origem desta quebra estão, essencialmente, 203 milhões de euros de resultados extraordinários que em 2003 tinham «empola
Os resultados líquidos consolidados da Caixa Geral de Depósitos caíram 32,8% em 2004, ao passarem de 641 para 448 milhões de euros. Na origem desta quebra estão, essencialmente, 203 milhões de euros de resultados extraordinários que em 2003 tinham «empolado» os lucros (relacionados com operações com títulos da Brisa, do BCP e da EDP, essencialmente) e que não existiram em 2004.
Esta evolução negativa dos lucros está em «contra mão» com a generalidade dos indicadores de actividade do banco. Para a Caixa, o ano de 2004 foi marcado pela inversão da queda dos indicadores de actividade que se tinha verificado em 2003. O produto bancário subiu 3,3% (contra uma queda de 4,6% em 2003), a margem financeira aumentou 1% (tinha encolhido 13% no ano anterior) e as comissões cobradas aumentaram 10%, pesando cerca de 19% no total do produto bancário.
A evolução positiva da margem financeira reflecte as evoluções positivas dos recursos captados e do crédito concedido.
Paralelamente, os custos de funcionamento aumentaram 5,5%. Este crescimento, ligeiramente acima do acréscimo de proveitos correntes, provocou uma subida do cost-to-income (a percentagem de proveitos que é absorvida por custos de funcionamento) de 57,3% para 58%. Para este ano um dos objectivos da equipa liderada por Vítor Martins é conter os custos com fornecimentos de serviços de terceiros. Ainda assim, o cash-flow de exploração aumentou marginalmente 0,9% para 903 milhões de euros.
Mais abaixo na conta de exploração mais duas rubricas com fortes evoluções. As provisões constituídas no exercício aumentaram 123 milhões de euros (66,5%) para fazer face a alterações regulamentares impostas pelo Banco de Portugal. Este aumento foi compensado inteiramente, em termos de impacto no resultado líquido, pela redução do IRC a pagar em 125 milhões de euros.
Esta quebra na factura fiscal tem a ver com a assumpção de menos-valias potenciais e com a revelação contabilística de cerca de 1000 milhões de euros de responsabilidades não cobertas no fundo de pensões que tive que ser feita imediatamente com a transferência da quase totalidade do fundo para a Caixa Geral de Depósitos, imposta por Bagão Félix. Desta forma, a CGD não teve os cinco anos dados pelo Banco de Portugal para tratar contabilisticamente esta situação.
Ambas as operações foram feitas directamente no balanço, sem passar pela conta de resultados. Assim não tiveram impacto nos resultados mas apenas na factura de IRC.
Em termos patrimoniais e de solidez financeira, a Caixa terminou o ano passado com um rácio de solvabilidade de 9,4%, contra 8,7% em 2003.
Isto apesar da queda dos capitais próprios de 5,7%, provocada pelas operações com provisões e com o fundo de pensões acima indicadas, indiciando que a quebra contabilística nos capitais próprios não afectou o reforço da solidez financeira do banco.