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Brasileiros querem comprar empresas têxteis em Portugal

Cobiçam experiência, qualidade e inovação da fileira nacional como "porta de entrada" na Europa.

Brasileiros querem comprar empresas têxteis em Portugal
27 de Setembro de 2012 às 00:01
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As maiores sociedades brasileiras de têxtil e vestuário estão interessadas em entrar na capital de empresas portuguesas do sector, atraídas pela experiência, qualidade e inovação da fileira nacional, que é vista como "uma porta de entrada" no mercado europeu. Em troca acenam com capital, financiamento mais barato e o acesso mais facilitado a um mercado emergente, mas ainda muito protegido, de quase 200 milhões de consumidores.

Segundo disse ao Negócios o director superintendente da ABIT – Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção, "há uma afinidade linguística e cultural que facilita essa possibilidade" e faz de Portugal uma "porta de entrada para o mercado europeu", seja "através da aquisição de empresas ou de joint-ventures". "Há um caminho muito interessante para explorar. A Europa está a passar por dificuldades, mas a crise traz oportunidades e vamos aproveitá-las", referiu Fernando Pimentel (na foto). O líder dos industriais brasileiros elogia "a larga experiência" e "os produtos têxteis de qualidade e inovadores" que saem das fábricas portuguesas e transportam "uma imagem positiva de integração no mercado comum europeu".

O director-geral da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP) confirmou ao Negócios que tem havido "muitas abordagens" por parte de "empresas brasileiras de grande dimensão, que têm escala mundial e que podem encontrar aqui a plataforma para saltar para o mercado europeu". À margem do maior congresso mundial do sector, que ontem arrancou no Porto, Paulo Vaz frisou que neste evento "essas abordagens podem vir a ser intensificadas e até concretizadas".

Questionado sobre a melhor forma dos brasileiros entrarem no capital das congéneres portuguesas,
Governo conta com o têxtil
para a "reindustrialização"
O secretário de Estado da Inovação e do Empreendedorismo convocou ontem o sector do têxtil e vestuário para a "aposta muito forte do Governo na reindustrialização do País".
Na abertura da 28.ª Convenção Mundial de Vestuário, que junta até sexta-feira no Porto cerca de 250 delegados de 22 países, Carlos Oliveira elogiou um sector a viver uma "fase de grande vigor", depois de "há uns anos [ser] visto como sem viabilidade". Apontou-o como "um exemplo de como fazer face às novas realidades competitivas e concorrenciais do comércio liberalizado e de como readaptar-se e reinventar as suas empresas". Em 2011, as exportações subiram 8,4%, para 4.000 milhões de euros de vendas em 168 mercados. No primeiro semestre deste ano, as vendas ao exterior estabilizaram nos 2.070 milhões de euros.
o empresário respondeu que "cada caso é um caso, embora admita que é sempre importante ter um parceiro nacional, mesmo que haja uma aquisição de capital maioritário de uma empresa portuguesa". Isto porque, justificou Paulo Vaz, esse parceiro local "conhece não só as idiossincrasias da indústria portuguesa como sabe muito melhor a forma como se comportam os mercados europeus", para onde seguem 80% dos produtos têxteis nacionais.

Ajuda para desbloquear as barreiras à exportação

O director-geral da ATP diz que vê com "bons olhos" esta incursão brasileira na Região Norte – 85% das têxteis estão num raio de 50 km à volta de Famalicão –, "desde que aportem o que as empresas portuguesas precisam". Por um lado, recursos financeiros e acesso ao financiamento – "as empresas brasileiras estão bem capitalizadas e podem facilmente investir largos milhões de euros para a modernização e expansão de indústrias portuguesas". Por outro, abrir portas ao próprio mercado brasileiro, "que é gigantesco", e onde subsistem elevadas taxas para a importação de bens e obstáculos administrativos que travam as mercadorias na fronteira.

Embora com "crescimentos elevados" nos últimos anos, o Brasil só representa ainda 2% dos quatro mil milhões de euros exportados pelo sector em 2011. A ATP estima que tenha potencial para chegar "pelo menos" aos 10%, caso seja assinado o acordo para uma zona de comércio livre, que está a ser negociado com a União Europeia.
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