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Bancos angolanos reconhecem pressão da falta de divisas

A oferta mensal de divisas na banca angolana caiu de 1,2 mil milhões de dólares em 2022 para 600 milhões em 2023. Bancos admitem ser agora mais difícil a obtenção de divisas por parte dos clientes.

O plano de recapitalização do Banco Económico, herdeiro do BESA, foi aprovado em 2021 pelo Banco Nacional de Angola.
DR
24 de Fevereiro de 2024 às 09:49
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Bancos angolanos reconheceram a pressão dos clientes pela falta de divisas nas suas operações, referindo que têm feito o possível para satisfazer as necessidades, perante a carência acentuada que se regista desde 2023.

"Há uma diminuição de oferta de divisas que já vem ocorrendo desde o ano passado e isso tem impacto no sistema", disse o consultor da direção da Associação Angolana de Bancos (Abanc), Ondjoy de Barros, em entrevista à Lusa.

Segundo o responsável, a diminuição de oferta de divisas em Angola já se regista desde o ano passado, recordando que o Banco Nacional de Angola (BNA) e o Tesouro Nacional "pontualmente" canalizavam divisas ao mercado, "mas o cenário mudou".

"A diminuição de divisas é uma realidade [mas] a procura de divisas não diminuiu, há uma pressão sobre as divisas e, então, é por isso que agora é um bocado mais difícil a obtenção de divisas por parte dos clientes, mas os bancos têm na medida do possível procurado satisfazer a necessidade dos clientes", frisou.

A oferta mensal de divisas na banca angolana caiu para 600 milhões de dólares (588 milhões de euros), em 2023, contra os 1,2 mil milhões de dólares (1,1 mil milhões de euros) de 2022, disse o consultor da Abanc.

De acordo com Ondjoy de Barros, a necessidade de divisas do país para a importação de mercadorias e equipamentos em 2023 foi em torno de 1,9 mil milhões de dólares (1,7 mil milhões de dólares).

"Nem no ano passado essa procura era cabalmente satisfeita", notou, apontando a quebra na produção e redução das receitas de exportação do petróleo e dos diamantes como fatores que concorrem para a redução dos cambiais no país.

Para o também economista, só quando o país atingir uma efetiva diversificação da economia e substituir as importações com a produção interna o mercado cambial poderá encontrar "mais estabilidade".

Os bancos comerciais angolanos, realçou, também enfrentam desafios, à luz da atual conjuntura macroeconómica do país com "taxas de juros altas", há agora "a questão da moeda (o kwanza em desvalorização), a inflação, a disponibilização de divisas", disse.

"Este ano temos um contexto macroeconómico mais desafiante, os bancos devem ser mais engenhosos para a satisfação dos clientes, entretanto os bancos estão bem preparados também, estão bem capitalizados para enfrentar os desafios pela frente", concluiu o consultor da Abanc.

O governador do BNA admitiu, recentemente, que há menos divisas disponíveis devido à redução das receitas de exportação, mas disse que os bancos têm estado a comprar, pelo que não se justifica que não disponibilizem moeda estrangeira aos seus clientes.
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