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Apelos à neutralidade tecnológica na energia "são impulso à inação"
João Galamba, ex-ministro das Infraestruturas e ex-secretário de Estado da Energia, defende o papel do Estado na definição da estratégia global para o setor. Diz que "não é um empecilho, faz o seu papel", criticando a defesa em torno da neutralidade tecnológica.
Com o setor da energia em grande mudança, são várias as tecnologias que concorrem em simultâneo. Deve o Estado escolher qual, ou quais, as que devem ser aposta? Deve, diz João Galamba, ex-ministro das Infraestruturas e ex-secretário de Estado da Energia, criticando quem defende a utopia da neutralidade tecnológica neste setor.
"A neutralidade tecnológica é um mito. É uma impossibilidade", diz o ex-governante e atual consultor da Enline Energy Solutions. "Quando definimos alguma coisa, definimos requisitos. Esses requisitos devem ser abertos, mas há sempre critérios de inclusão e de exclusão", atirou.
Há sempre escolhas que têm de ser feitas, logo essa neutralidade é impossível. "Na transição energética, os apelos à neutralidade tecnológica são impulso à inação", atira Galamba na Elétrica Summit, evento reúne especialistas e líderes da indústria, depois de Pedro Sampaio Nunes ter afirmado que o Estado quer controlar tudo.
"Temos tido um Estado iluminado que define tudo", disse o membro do Conselho Consultivo da iLab, criticando nomeadamente a aposta feita nas energias eólicas e solares, energias intermitentes. "O Estado deve ser sempre um facilitador, mas não um complicador nem um distorçor nas questões de concorrência", atirou o responsável.
"O Estado não é um empecilho. Desempenha o seu papel", respondeu João Galamba, defendendo o papel do Estado no setor energético. "O Estado é incontornável. Deve assumir um papel que é seu e apenas seu, que é o dos objetivos gerais. Um privado não define isso", diz.
Salientando que trata-se de "um processo colaborativo com o setor privado". Galamba rematou: o "papel do Estado é da maior importância" nesta questão da transição energética.