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Álvaro Barreto viveu com um pé na política e outro nas empresas

Ministro em sete governos, de Mota Pinto a Santana Lopes, o engenheiro lisboeta que ajudou a fundar o PSD passou pela administração de vários grupos empresariais, tendo liderado a Soporcel e dedicado as últimas linhas do currículo ao BCP.

Miguel Baltazar
10 de Fevereiro de 2020 às 16:28
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Das empresas para a política e da política para as empresas. Da indústria para o Governo e da Assembleia da República para os transportes, a energia e a banca, entre outros setores. Durante 84 anos, estes foram percursos permanentes na vida do influente Álvaro Barreto, uma viagem interrompida esta segunda-feira, 10 de fevereiro, depois de meses de internamento num hospital de Lisboa.

 

Nascido na capital portuguesa no primeiro dia do ano de 1936, foi no Instituto Superior Técnico que se licenciou em Engenharia Civil. Com apenas 23 anos, ingressa na Profabril, empresa de estudos e projetos do grupo CUF, ascendendo uma década depois, dentro do grupo, à direção da Lisnave – onde voltaria no pós-25 de abril – e à administração da Setenave, onde enfrenta o período revolucionário.

 

Militante do PSD desde a sua fundação, Álvaro Roque de Pinho Bissaia Barreto começou a ganhar notoriedade no final dos anos 1970 e na década de 1980 ao assumir o cargo de ministro nos governos de Carlos Mota Pinto, Sá Carneiro, Francisco Pinto Balsemão, Mário Soares (bloco central) e Cavaco Silva, com responsabilidades nas áreas da indústria, integração europeia, comércio, turismo e agricultura.

 

Ao aceitar o convite para ser número dois e assumir as pastas da Economia e do Trabalho, em 2004 o ex-deputado ainda voltou à política ativa no Executivo liderado por Pedro Santana Lopes, emprestando cabelos brancos a esse elenco governativo. Ao Observador, o fundador do Aliança disse que "prestou muito serviço a Portugal" e frisou que "devia ter sido primeiro-ministro, [pois] era uma pessoa extremamente competente".

 

Longo currículo como gestor

 

Catalogado como tecnocrata e identificado como gestor de empresas no perfil parlamentar, esteve envolvido em várias polémicas, precisamente pelo trânsito e pela ligação entre os dois mundos – político e empresarial – que gostava de discutir à mesa no histórico restaurante Mónaco, em Caxias, com vista para o mar. Na Assembleia da República pelo regime de incompatibilidades; e no Conselho de Ministros por ter assinado o diploma dos contratos de manutenção do equilíbrio contratual (CMEC) que beneficiaram a EDP.

 

No percurso profissional pelo setor público e privado, várias vezes interrompido para ocupar cargos políticos, estreou-se como gestor numa passagem curta pela gerência da TAP (1979-1980) e teve o período mais longo como presidente da Soporcel (atual Navigator) dividido em dois períodos. Primeiro em 1982-83 e a partir de 1990, nomeado pela Caixa Geral de Depósitos, mantendo-se no cargo até 2004 – período em que liderou também a Tejo Energia, que explora a central termoelétrica do Pego.

 

Como administrador executivo e não executivo, membro do conselho consultivo ou presidente da Assembleia-Geral, entre outros cargos semelhantes, Barreto acumulou também a passagem por outras empresas, como a Somincor, Nutrinveste, Prime Drinks, Sonae ou Portugália. As últimas linhas do vasto currículo foram dedicadas ao Millennium BCP, destacando-se como vogal do conselho de administração liderado por Nuno Amado, no mandato de 2015 a 2017, já depois de ter passado por várias comissões e pelo Conselho Geral e de Supervisão, o órgão de fiscalização do banco.

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