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Das apostas aos bares: os sectores que ganham à boleia do Mundial

O palco está montado há muito tempo para o Mundial, que arrancou esta semana na Rússia. Investidores e analistas já calcularam os possíveis benefícios de fabricantes de cerveja, comerciantes e anunciantes. Que oportunidades restam?

Reuters
17 de Junho de 2018 às 11:00
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No que respeita às casas de apostas e aos bares, o seu desempenho financeiro deverá ser influenciado pelos resultados do campeonato, que dura um mês. As casas de apostas beneficiarão com resultados inesperados e jogos empatados, mas o excesso de vitórias de equipas apontadas como favoritas, como o Brasil, será um revés. Quanto mais tempo Inglaterra se aguentar no campeonato, melhor para os bares britânicos. Se a Austrália surpreender, pode-se esperar um impulso da Domino’s Pizza Enterprises, que é daquele país. E a fabricante do equipamento da selecção vencedora provavelmente também será beneficiada.

 

"Os vencedores desta competição normalmente são bem estabelecidos e os apoiantes mostram uma maior propensão para irem a bares nos grandes jogos ou para receberem pessoas em casa, o que aumenta as vendas de televisões de grande dimensão e de bebidas alcoólicas", afirmou Joshua Mahony, analista de mercado da IG em Londres.

 

Segue um resumo dos sectores que deverão ser influenciados:

 

Casas de apostas

O Mundial é uma óptima oportunidade para casas de apostas como a Paddy Power Betfair, a GVC Holdings e a William Hill angariarem clientes online. Mas aquilo que terá mais influência sobre o seu desempenho financeiro a curto prazo são, provavelmente, os resultados dos próprios jogos. Se o Brasil erguer o troféu a 15 de Julho, as casas de apostas podem acabar por ser fortemente penalizadas. Como a maioria das grandes casas de apostas tem sede no Reino Unido, uma vitória de Inglaterra também sairia cara.

 

O volume de apostas deverá subir e as aplicações para smartphones tornam-nas mais fáceis do que nunca. A Betfair divulgou "níveis fortes de actividade" antes do campeonato e espera receber 2,5 mil milhões de libras (cerca de 2,85 mil milhões de euros) em apostas. A australiana Tabcorp Holdings pode ver as suas receitas aumentarem em 140 milhões de dólares australianos (cerca de 90 milhões de euros) com a competição, acima dos 126 milhões da edição de 2014, segundo Andrew Orbach, analista da Taylor Collison.

 

Por outro lado, o Mundial pode ser um factor negativo, no curto prazo, para sectores como o dos casinos, que deverão sair a perder enquanto a atenção e o dinheiro dos apostadores estiverem noutro sítio. Durante o último campeonato do Mundo, em 2014, a receita bruta de Macau com o jogo diminuiu em Junho e Julho e não recuperou depois do torneio. Na semana passada, o Deutsche Bank reduziu as estimativas para a Wynn Resorts afirmando que o Mundial "poderá gerar uma quebra em termos de clientes VIP em Junho".

 

Bares

Os bares dos países cujas selecções avançarem até às fases finais da competição deverão ser beneficiados, recebendo multidões de adeptos nas comemorações. Contudo, a decepção gerada por uma saída antecipada terá provavelmente o efeito oposto. Segundo analistas da Berenberg, o Mundial será vantajoso para as operadoras britânicas de bares, como a Greene King, com a corretora a estimar que algumas podem registar um aumento de 2 a 3% das vendas no trimestre.  

 

Equipamentos desportivos

A fabricante do equipamento da selecção vencedora pode esperar um aumento a curto prazo nas vendas das camisolas. No último Mundial, em 2014, a Adidas vendeu mais de 8 milhões de camisolas, incluindo 2 milhões com as cores da campeã Alemanha.

 

Na Rússia, a Adidas patrocina 12 das 32 equipas, incluindo potências como a Argentina, Espanha e Alemanha, enquanto a rival Nike é responsável pelo equipamento de 10 formações, incluindo o Brasil, Portugal e França. A Puma patrocina o Senegal, Sérvia, Suíça e Uruguai.

 

Livestreaming

O JPMorgan Chase antecipa que o Twitter será beneficiado depois de ter fechado uma parceria com a Fox Sports para mostrar os melhores momentos do Mundial quase em tempo real. O campeonato deste ano pode ser um negócio muito maior para o Twitter do que o de 2014, quando o evento contribuiu com cerca de 24 milhões de dólares em receitas no segundo trimestre, segundo Rob Sanderson, analista da MKM Partners.

 

A competição também pode garantir um crescimento de tráfego para a Akamai Technologies, que ajuda os clientes a divulgarem conteúdos na internet, e para empresas que forneçam streaming em tempo real para utilizadores de dispositivos móveis.

 

Viagens

Os adeptos que acompanham os jogos têm mais tendência a ficar colados ao ecrã da televisão, e podem adiar o planeamento de viagens no verão (Hemisfério Norte), segundo Naved Khan, analista da SunTrust. Isso pode penalizar a Booking Holdings.

 

Videojogos do Mundial

A produtora de videojogos da Fifa, a Electronic Arts, também pode sair a ganhar com o Mundial. Matthew Kanterman, da Bloomberg Intelligence, escreveu no mês passado que considera que as estimas para a EA "deverão revelar-se conservadoras face ao crescimento robusto de serviços ‘live’, como o FIFA Ultimate Team, e o Mundial gerará provavelmente um forte impulso".

 

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