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Serão os novos ténis Nike doping tecnológico?

Os novos ténis Nike foram desenhados para baixar o recorde da maratona em 178 segundos. No entanto, a placa de fibra de carbono na sola do novo calçado desencadeia a especulação sobre onde fica a fronteira do "doping tecnológico".

18 - Nike – Fundada como Blue Ribbon Sports e já com mais de 50 anos de história, a empresa famosa pela assinatura “Just do it” vale 24 mil milhões de euros.
REUTERS
Negócios 20 de Março de 2017 às 19:42
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"It’s gotta be the shoes", o mote do anúncio da Nike, realizado por Spike Lee, pretendia vender os famosos Air Jordan. No entanto, todos sabemos que, independentemente dos ténis que calçássemos, apenas Michael Jordan conseguia saltar e manter-se suspenso no ar daquela forma.


Agora, 30 anos mais tarde, "it’s gotta be the shoes" não é apenas um slogan que mostra o nosso desejo de alcançar aquele salto mágico, é a realidade da Nike. A marca de desporto conseguiu inventar um calçado "atómico" para que um atleta consiga realizar a maratona em menos de duas horas, apresentando um novo recorde.

Entre o recorde actual de maratona (2 horas, 2 minutos e 57 segundos) e o objectivo (1 hora, 59 minutos e 59 segundos) estão, precisamente, 178 segundos, o que corresponde a um salto de 3%, segundo refere o El País. Nunca se baixou tanto o tempo recorde da maratona, mas a verdade é que nunca nenhuma marca tinha anunciado uns ténis que permitissem reduzir em 4% o gasto energético necessário para correr, sublinha o mesmo órgão. A Nike mostra, com o seu novo equipamento de treino, que Kenenisa Bekele e Eliud Kipchoge (atletas patrocinados pela marca) conseguem bater o seu tempo – de 2 horas e 3 minutos –, percorrendo a maratona em apenas 2 horas actualmente.   
   

Com o mesmo objectivo, também a Adidas entra nesta corrida para tentar chegar a um recorde inferior a duas horas de maratona e promete lançar uns novos ténis com uma sola de espuma especial, que devolve ao atleta a maior parte de energia que este deposita na pista, avança o El País. Porém, comparativamente com a concorrência, os ténis Adidas (Adizero sub2) proporcionam apenas 1% de poupança energética ao utilizador.



O novo produto da americana Nike, Vaporfly Elite, com menos de 200 gramas, apresenta uma forma aerodinâmica e uma ligeira inclinação para a frente, sendo que o segredo reside na sola que contém uma placa de fibra de carbono incorporada na borracha e exibe uma forma de colher com características delgadas e rígidas.





A última versão destes ténis será lançada em Maio, pelo atleta Eliud Kipchoge, no circuito de Monza. No mercado tradicional será ainda vendido um modelo similar que custará cerca de 250 dólares (233 euros), afirma a mesma fonte.

Devido a este avanço tecnológico das marcas de desporto começará a pôr-se em causa a legalidade das placas utilizadas e do seu efeito de catapulta. A Federação Internacional de Atletismo (IAAF), organismo que aprova todos os materiais, já anunciou que irá estudar o caso e que redigirá um artigo que regule este tipo de ténis, revendo aquele que proíbe qualquer "vantagem injusta".

Segundo o El País, a noção de vantagem desleal e de dopagem tecnológica, mais do que definida em laboratórios, definiu-se em escritórios. Desta forma, irá resolver-se o caso dos ténis de solas "mágicas" da Nike. A fronteira entre dopagem tecnológica e avanço tecnológico para os atletas ainda apresenta uma linha muito ténue, mas isso pode vir a mudar.

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