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Receitas do futebol português quase tocam nos mil milhões

A indústria do futebol contribuiu com 667 milhões de euros para o PIB, segundo o anuário do futebol português. E a faturação ficou a apenas 13 milhões de uma marca simbólica.

A Adidas confirmou esta terça-feira a contratação de Gulden, pondo fim aos rumores na imprensa internacional.
Luís Manuel Neves

O futebol contribuiu com 667 milhões de euros para a economia nacional na época passada, mais 8% do que em 2021-22, segundo o Anuário do Futebol Profissional Português. E as receitas atingiram os 987 milhões, mais 70 milhões face ao período anterior.

Em comunicado, a EY, consultora responsável pelo estudo em parceria com a Liga Portugal, indica ainda que "a Liga Portugal e as 34 sociedades desportivas representadas" nos dois principais escalões de futebol "pagaram 228 milhões de euros em impostos ao Estado, mais 6% de contribuição fiscal face à época 2021-22".

Já a nível de emprego houve uma redução dos postos de trabalho, de 3.595 para 3.504, mas o "country manager" da EY, Miguel Farinha, esclareceu esta terça-feira, durante a apresentação do estudo no Estádio do Bessa, que isso se deve ao facto de ter havido na época passada menos três clubes a reportar estes dados.

Citado pelo comunicado, o presidente da Liga Portugal, Pedro Proença — que não esteve na apresentação do estudo — refere que, após a pandemia, "a indústria do futebol português reergueu-se, expandiu e, hoje mais do que nunca, assume-se de forma cada vez mais sustentada como uma das indústrias de maior relevância a nível nacional e com um papel preponderante na promoção do país no estrangeiro". 

Razão pela qual defende "que chegou o momento de vermos finalmente reconhecido o papel deste setor no tecido económico e social português, garantindo ao futebol profissional as mesmas condições que são dadas a outras indústrias nacionais e àqueles com quem temos de competir a nível internacional", lê-se no mesmo comunicado.

Equiparar futebol ao teatro

O "country manager" da EY em Portugal considerou que a Liga tem feito o "trabalho continuamente de explicar ao Governo, a secretários de Estado e agora aos partidos em eleições onde é que há diferenças face ao resto da Europa", especificando o IRS, que considera "extremamente elevado".

O nível de impostos nos clubes de futebol portugueses está "muito acima" face a outros clubes europeus, sublinha Miguel Farinha, notando que, "em Portugal, um jogador paga 53% de impostos sobre o seu salário", enquanto "no resto da Europa está na casa dos 40 a 48%". Ou seja, "um jogador de futebol que ganhe um milhão de euros brutos leva menos 100 mil euros do que se estivesse em Itália — e isso faz muita diferença", defende.

Por outro lado, o IVA em Portugal é "o mais elevado comparado a outras sete ligas europeias", afirma, acrescentado que nos outros países, como os Países Baixos, este imposto se fixa nos "19, 20 e 21%".

O responsável pelo estudo compara ainda o futebol a outras indústrias de entretenimento, referindo a necessidade de um tratamento igual entre espetáculos em Portugal. Nos teatros, concertos e cinema, lembra Miguel Farinha, o IVA pago é de 6%. "Porque é que este espetáculo pode pagar tão mais do que os outros?", questiona.

Centralização dos direitos pode dar ajuda

Em relação à centralização dos direitos televisivos e audiovisuais, Miguel Farinha afirma que não vai mudar radicalmente o cenário do futebol português, mas considera que é um passo importante. "Neste momento as receitas da televisão correspondem a 20 e poucos por cento do total da liga, que está muito concentrada em três clubes", nota o líder da EY em Portugal. "A diferença face aos outros é muito significativa".

O responsável acredita que a centralização permitirá construir um produto mais atrativo, que pode capitalizar o valor associado para depois "distribuir pelos clubes mais pequenos na tabela" classificativa. "Quanto mais competitivos forem mais se vai conseguir redistribuir para os outros clubes", defende.

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