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Marques Mendes: "Alguém acredita que Paulo Gonçalves agia sozinho?"

O comentador político e ex-dirigente do PSD Luís Marques Mendes disse esta noite na SIC que a acusação no processo e-toupeira permite duas importantes conclusões: primeiro, é um sinal para o futebol português; segundo, é uma má notícia para o Benfica.

Pedro Catarino/Correio da Manhã
09 de Setembro de 2018 às 21:09
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Luís Marques Mendes afirmou esta noite, no seu comentário habitual na SIC, que a acusação no processo e-toupeira permite duas importantes conclusões: primeiro, é um sinal para o futebol português; segundo, é uma má notícia para o Benfica.

 

No seu entender, é um sinal para o futebol português porque, durante anos, o futebol viveu como um mundo à parte. "Tinha um estatuto de impunidade. Tudo podia acontecer, mesmo à margem da lei, que ninguém intervinha, ninguém actuava, ninguém ‘se metia’ com os clubes".

 

"Esse tempo está a acabar. E a primeira grande mudança é na relação da justiça com o futebol. É mais um aspecto positivo do legado da actual PGR. Também os clubes de futebol deixaram de ter um estatuto de impunidade", sublinhou.

 

E prosseguiu: "Provavelmente, os dirigentes desportivos ainda não perceberam esta mudança que está em curso. Mas a verdade é que nada no futuro será como dantes. Os dirigentes desportivos podem não gostar. Mas o futebol e o país agradecem mais transparência e menos impunidade no combate à corrupção".

 

Sobre o facto de o processo e-toupeira ser mau para o Benfica, Marques Mendes considera que assim o é por duas razões essenciais.

 

"Por um lado, pela sucessão de casos em que o nome do Benfica está envolvido – e-toupeira; processo dos emails; caso Rangel; compra de jogos. São muitos casos em tão pouco tempo. Independentemente das decisões dos tribunais, é a imagem do Benfica que sai abalada e fragilizada", referiu.

 

"Por outro lado, pelo caso em si mesmo. Não falo da parte jurídica. Isso é com os tribunais. Mas, em termos de imagem, isto é gravíssimo", comentou o ex-dirigente do PSD.

 

"Um alto funcionário do Benfica (Paulo Gonçalves) a usar informação ilegítima e obtida de forma ilegal. E a suspeita de que esta informação era para benefício do Benfica. Alguém acredita que Paulo Gonçalves agia sozinho? Por conta própria? Para seu benefício pessoal? Ele que até representava o Benfica na Liga de Clubes?", questionou.

 

Recorde-se que o Sport Lisboa e Benfica e o assessor jurídico da sua SAD, Paulo Gonçalves, foram acusados de crimes de corrupção no âmbito do processo e-toupeira. De acordo com o site da Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa (PGDL), o Ministério Público "requereu o julgamento em tribunal colectivo por factos apurados no âmbito do inquérito referente aos acessos ao sistema CITIUS".

 

Numa nota final, o comentador político fala sobre a demissão do Presidente do Instituto Português do Desporto e Juventude.

 

"Na mesma altura em que o Benfica foi sancionado por causa das claques, o Presidente do IPDJ, Augusto Baganha, foi demitido pelo Governo. Tudo muito estranho: então demite-se um Presidente aprovado pela Cresap? A um ano do fim do mandato? Que fez um trabalho por todos considerado competente? O Governo deve esclarecer. Foram pressões desportivas? Foram razões políticas? O escrutínio é essencial", sublinhou.

 

Ainda no âmbito do futebol, Marques Mendes falou sobre a nova vida do Sporting. "O futuro está nas mãos do novo presidente – Frederico Varandas É uma lufada de ar fresco no Sporting e no futebol português. É diferente. Tem mundo, tem personalidade e tem talento. Precisa de unidade, de resultados e de alguma sorte", referiu.

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