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Conduril multiplica lucros por quatro em 2021
O volume de negócios da construtora subiu mais de 25% no ano passado, com o mercado português a representar 64% do total. Apesar da falta de mão de obra e da subida dos preços dos materiais, a Conduril prevê que 2022 se mantenha aos níveis do ano passado.
A construtora Conduril obteve um resultado líquido de quase 5,8 milhões de euros em 2021, o que equivale a um aumento de cerca de 409% face aos lucros de 1,1 milhões registados no ano anterior.
Pelo resultado do exercício, a administração do grupo propôs o pagamento de 1,8 milhões de euros de dividendos, o que corresponde a um euro por ação.
No relatório e contas consolidado relativo ao ano passado, a empresa com sede em Ermesinde revela que o volume de negócios cresceu mais de 25%, para 156,2 milhões de euros. Uma "evolução alicerçada na atividade em Portugal que representou 64% da atividade total, com particular contributo para duas das obras de maior envergadura" que se encontram em curso, como a terceira expansão do molhe leste do porto de Sines e a construção da barragem do Alto Tâmega.
O EBITDA da Conduril registou também uma melhoria acima dos 30% para quase 17,9 milhões de euros no ano passado.
No documento, a empresa que tem como CEO Benedita Martins, salienta que "2021 era esperado pelos agentes económicos como o ano da 'bonança' após a 'tempestade' que o vírus Sars-Cov-2 disseminou sobre a economia mundial, contudo a recuperação mostrou-se muito mais lenta do que inicialmente esperado".
O grupo destaca ainda um conjunto de dificuldades acrescidas que o setor da construção enfrentou em 2021. "A escassez de mão de obra foi agravada pelas baixas temporárias dos trabalhadores que foram testando positivo à covid-19", mas também "diversos atrasos e subidas de preço" na aquisição de novos equipamentos e elementos de manutenção "devido em grande medida à escassez de componentes eletrónicos", aponta.
"Os principais materiais utilizados no processo produtivo tiveram um severo agravamento dos preços, alguns dos quais mais do que duplicaram" e a "procura manteve um comportamento conservador, adiando uma vez mais alguns investimentos há muito anunciados", afirma ainda a Conduril, que empregou em termos médios 2.350 trabalhadores em 2021, dos quais 30% em Portugal.
De acordo com o documento de prestação de contas, a dívida liquida do grupo voltou no ano passado "a apresentar valores negativos, após a situação excepcional verificada em 2020 – muito por força do investimento realizado nesse ano". A dívida líquida do grupo era, assim, no final de dezembro, negativa em 4,3 milhões.
No documento, o grupo considera que "2022 vai ser ano de grandes desafios", chamando a atenção para o "agravamento generalizado de todas as cadeias logísticas e de fornecimentos".
Para a construtora, "a tão ansiada estabilização dos preços das principais commodities é cada vez mais uma miragem", "as restrições ao nível da mobilidade tardam a desaparecer", "a instabilidade cambial das moedas nos países onde opera parece não dar tréguas" e "o número de concursos públicos nos mercados internacionais continua exíguo".
Ainda assim, as previsões para este ano estão ao nível de 2021, designadamente tendo em conta que a carteira de encomendas era no final do ano passado superior a 500 milhões de euros e que o plano de investimentos previstos para o setor em Portugal "comece a ganhar visibilidade no segundo semestre deste ano".
A Conduril Engenharia - denominação que adotou em 2011 a empresa fundada em 1959 - tem atividade em Portugal, Angola, Moçambique, Marrocos, Botswana, Espanha, Cabo Verde, Senegal, Zâmbia, Malawi, Gabão e Zimbabué.