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Tarifas podem ser miragem mas impacto já se faz sentir nas exportações de tequila
Apesar de ainda não terem entrado em vigor, o impacto das tarifas de Donald Trump já se faz sentir nas grandes produtoras de tequila. As exportações cresceram de forma substancial no início do ano, mas os custos operacionais fazem mossa.
Os avanços e recuos da política protecionista de Donald Trump já estão a ter grandes impactos nas importações norte-americanas. Apesar de ainda não terem entrado em vigor, as tarifas anunciadas contra o México já tiveram um efeito particular nas exportações de tequila para os EUA e avizinha-se uma desaceleração nas vendas, de acordo com especialistas ouvidos pela Reuters.
Em causa estão as tarifas de 25% sobre todos os produtos importados do México para território norte-americano. As taxas alfandegárias iam, inicialmente, entrar em vigor em fevereiro, mas acabaram por ser adiadas um mês. Em março, Trump chegou a acordo com a Presidente mexicana para suspender – mais uma vez – a introdução de tarifas, com a nova data a apontar para 2 de abril.
No entanto, os consumidores já estão a antecipar esta nova barreira no comércio entre os dois países. As empresas decidiram aumentar em grande escala os seus "stocks" de tequila, com algumas reservas a chegar a seis meses – uma aposta que dará frutos caso as tarifas sempre avancem. Mesmo assim, várias empresas já decidiram colocar "em pausa" os seus planos de expansão e realocar recursos.
As exportações de tequila ultrapassaram os 32,5 milhões de litros em fevereiro, um valor muito superior ao registado no mesmo mês do ano passado, quando foram exportados cerca de 26,1 milhões de litros. A tendência é idêntica à que já se tinha registado em janeiro, de acordo com dados do Conselho Regulador de Tequila mexicano.
Este aumento substancial foi bem visível na Calabasas Beverage Company. A empresa que detém a marca de tequila criada por Kendall Jenner, 818 Tequila, teve de pedir aos seus trabalhadores para fazerem horas extraordinárias durante a pausa natalícia para conseguir responder ao volume de encomendas bastante elevado. "Não interessa o que acontece nos próximos meses, um preço já foi pago", afirmou o CEO da empresa, Mike Novy, à Reuters.
Fazendo as contas, os custos adicionais foram de dois milhões de dólares, ao que ainda se tem de somar custos de armazenamento que subiram em 10%. Neste contexto, o CEO explica que a empresa teve de, pelo menos por agora, adiar os seus planos para contratar mais trabalhadores e lançar novos produtos no mercado.
A indústria das bebidas espirituosas tem vivido um mau momento nos EUA. Apesar da tequila continuar a ser bastante popular no país, é uma exceção num setor que tem enfrentado um grande declínio nas vendas. Com várias empresas e consumidores a atestarem as suas reservas no arranque do ano, espera-se um segundo trimestre muito mais calmo para as grandes produtoras de tequila – principalmente se as tarifas sempre entrarem em vigor.