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Hipers reagem à “morte do domingo” excomungada pelo bispo do Porto

A associação das empresas donas de hiper e supermercados defende que a liberalização dos horários vai ao “encontro das expectativas dos consumidores”, rejeitando o fim do trabalho ao domingo pedido pelo bispo do Porto.

Bloomberg
22 de Abril de 2019 às 18:09
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Este domingo, na homilia da missa da Páscoa, o bispo do Porto condenou aquilo a que chamou de "novo esclavagismo da laboração contínua", a qual, afirmou, foi "legalmente imposta pelos novos senhores do mundo que dominam a economia e, por esta, os governos".

 

"Pensemos como os critérios dos turnos, em setores onde, para além da ganância, nada os justifica, a par dos graves transtornos psicológicos do trabalhador e do fracionamento dos encontros familiares, está a gerar a morte do domingo, o fim dos ritmos semanais, a abolição dos verdadeiros momentos celebrativos e o fracionamento da família e das relações de amizade", disse D. Manuel Linda, na homilia da missa celebrada na Sé do Porto.

 

"O mesmo se diga da abertura dos supermercados e dos centros comerciais ao domingo", sublinhou, considerando que a falta de restrições de horário no comércio constitui a "expressão de um certo subdesenvolvimento humano e mesmo económico", que está, alertou, "a gerar uma civilização fria, sem alma, individualista, sem profundidade de relações e até mesmo sem outros contactos que não sejam os da realidade virtual".

 

Instada pelo Negócios a comentar as palavras duras do bispo do Porto, a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) disse que "respeita todas as opiniões sobre o tema", mas considera que a abertura dos hiper e supermercados ao domingo "procura responder a uma dinâmica social que tem como base a proximidade, a conveniência e a diversidade de oferta indo ao encontro das expectativas dos consumidores".

 

De resto, lembrou a mesma fonte oficial da APED, "a liberalização dos horários é uma questão que importa a todos os setores de atividade económica, não sendo um exclusivo da distribuição".

 

A Sonae Sierra, maior operadora portuguesa de centros comerciais, não quis comentar as declarações de D. Manuel Linda.

 

Estão a abrir quatro supermercados por semana em Portugal. No ano passado, nasceram 165 supermercados no nosso país, número que que sobe para 212 lojas se juntarmos o retalho não alimentar, segundo o Sale Index 2019, da Marktest Consulting.

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