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Batist checa de Matosinhos duplica vendas com a pandemia
A subsidiária portuguesa da multinacional de dispositivos médicos Batist Medical, que comprou a Docworld a Rebelo e Amaral no ano passado, contratou mais 15 pessoas e prevê duplicar as vendas de 2019 para perto de 20 milhões de euros este ano.
No arranque da crise mundial de 2008, dois primos, já quarentões e com carreiras na área comercial, viram-se desempregados e decidiram embalar numa aventura empresarial conjunta.
Pedro Amaral, que tinha sido diretor comercial da Mercedes, e José Luís Rebelo, desde sempre ligado ao negócio dos consumíveis hospitalares, juntaram 50 mil euros e marcaram viagem para a República Checa.
Objetivo: ganhar a representação para Portugal da Batist Medical, gigante europeia na produção e distribuição de dispositivos médicos.
E assim nasceu a Docworld, em Matosinhos, num pequeno armazém, em que os dois empresários faziam tudo - receber, separar e entregar a mercadoria, que era sempre paga 30 dias antes de ser expedida. E só tinham um computador, que compraram ao abrigo do programa Novas Oportunidades.
A Docworld fechou o seu primeiro exercício completo, em 2009, com vendas de 225 mil euros.
Só nos finais de 2010 é que Amaral e Rebelo fizeram a primeira contratação, com a integração de uma comercial desempregada, e no ano seguinte, quando começaram também a vender para os hospitais públicos, contrataram mais um desempregado.
A meio da década, criaram a Docworld Espanha, em Santiago de Compostela.
2019: Portuguesa Docworld é comprada pela Batist Medical e fatura 9,5 milhões
O negócio nunca levantou o pé do acelerador, ano após ano, tendo fechado o último exercício com uma faturação de mais de 9,5 milhões de euros.
Um exercício marcado, logo no seu arranque, em janeiro, com uma grande alteração societária: a Batist Medical decidiu comprar a distribuidora da marca em Portugal e Espanha.
Mudou o nome de Docworld para Batist Medical Portugal, mas manteve os fundadores na equipa de gestão da empresa, com Rebelo como diretor comercial e Amaral com as funções de diretor financeiro.
Entretanto, chegou a pandemia, que está a fazer crescer de forma exponencial o negócio da Batist Medical Portugal, que prevê fechar 2020 com uma faturação próxima dos 20 milhões de euros, duplicando a valor das vendas registada no ano passado.
Com a contratação de 15 pessoas, a maioria de perfil comercial, e o investimento de 150 mil euros na melhoria da capacidade logística e na modernização e ampliação das instalações de que dispõe em Matosinhos, a Batist Medical Portugal tem estado a "responder bem ao aumento da procura" de consumíveis hospitalares, descartáveis cirúrgicos e vestuário não estéril, produtos em que assenta o seu catálogo, realça José Luís Rebelo, diretor comercial da empresa, em comunicado.
A subsidiária portuguesa da Batist Medical, garante o mesmo gestor, tem conseguido "conciliar a execução da ambiciosa estratégia comercial de conquista de quota de mercado", que tinha definido para 2020, "muito antes do primeiro surto epidemiológico pelo novo coronavírus", com um "contínuo e desafiador aumento da procura, quer em qualidade do produto quer em tempo de entrega, já em contexto pandémico".
Exportações aumentam de 2,8% em 2019 para perto de 20% este ano
A empresa tem acelerado o seu crescimento desde março, valendo-se da capacidade industrial instalada do grupo checo, com o reforço das relações de parceria com os clientes, "a maioria comerciantes grossistas do setor da saúde", garantindo que é "cada vez mais" abordada por novas entidades.
"É o caso, predominantemente, de hospitais públicos, de comerciantes de equipamentos de proteção individual e de distribuidores de consumíveis hospitalares, como compressas, pensos e adesivos, batas e máscaras cirúrgicas, luvas e outro material usado em blocos operatórios", detalha.
"Nenhuma organização, no nosso país, estava preparada para a primeira vaga de covid-19, mas rapidamente nos apetrechamos para enfrentar a incerteza. Temos estado a responder aos clientes e é uma vantagem competitiva relevante podermos contar com o respaldo industrial da Batist, líder de mercado em vários países da Europa Central, que tem os seus produtos comercializados em mais de uma vintena de países por todo o mundo. E ainda temos margem para acomodar novas demandas do mercado nacional", avança José Luís Rebelo.
Segundo o mesmo gestor, a Batist Medical Portugal, que emprega atualmente 26 pessoas, promete "continuar a recrutar à medida que a expansão do negócio se consolide", quer a nível nacional quer internacional.
É que a empresa tem estado a crescer bastante nas exportações, que em 2019 "valeram apenas 2,8% do volume de negócios", devendo este ano aproximar-se dos 20%, com vendas para Cuba, Espanha, Malta, Itália e França.
O grupo Batist Medical emprega mais de 400 pessoas, a maioria das quais na República Checa, onde nasceu e tem sede - a sua principal fábrica situa-se em Cervený Kostelec, a pouco mais de 150 quilómetros da capital, Praga -, e prevê duplicar em 2020 a faturação de 35 milhões de euros registada no ano passado.