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Apocalipse no retalho europeu vai das lojas ao e-commerce

A crise no retalho europeu espalhou-se das lojas físicas para o e-commerce. A Asos avisou que a temporada de compras de Natal começou desastrosa e as suas acções sofreram a maior queda em quatro anos e meio.

Bloomberg
18 de Dezembro de 2018 às 12:15
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A retalhista online sediada no Reino Unido, que concorre com a Amazon.com e veste figuras públicas como Meghan Markle, mostrou fraqueza generalizada no comércio logo antes das festas de fim de ano. Na semana passada, o presidente da Sports Direct International, Mike Ashley, admitiu que as vendas foram "inacreditavelmente más" em Novembro. As acções desabaram.

 

Esta segunda-feira, os títulos da Asos chegaram a cair 43% em Londres, eliminando mais de 1,4 bilhão de libras (1,8 mil milhões de dólares) em valor de mercado. A notícia derrubou acções de outras retalhistas online, como a Boohoo Group e a  Zalando, e operadoras de lojas, como Marks & Spencer Group e Next.

 

"Isso não estava no script", disse Stephen Lienert, analista de crédito da Jefferies. "Pensava-se que as lojas físicas estão a morrer e que o futuro é online, mas esta narrativa foi destruída hoje."

 

A Asos reviu em baixo a previsão de crescimento da receita anual devido a uma "deterioração significativa" em Novembro, citando liquidações, incertezas sobre a economia e a baixa confiança do consumidor devido à saga da saída do Reino Unido da União Europeia. A notícia mostra que as retalhistas não podem esperar que as operações online compensem a queda das vendas nas lojas este ano. Se não houver melhoria em Dezembro, o sector pode ser obrigado a fazer novos alertas sobre os resultados em 2019 ou algo pior.

 

Debenhams e Marks & Spencer passam por reestruturações e estão particularmente vulneráveis. Os centros comerciais britânicos já foram dizimados por enormes problemas, como a insolvência da rede de lojas House of Fraser, resgatada pela Ashley este ano.

 

Quem detém dívidas de retalhistas também se preocupa. A Debenhams fez uma emissão de 200 milhões de libras em títulos com vencimento em Julho de 2021 e os títulos estão no valor mais baixo desde a colocação, em 2014, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

 

A Asos reviu a previsão de crescimento anual de um intervalo entre 20 e 25% para apenas 15%. É uma diferença grande para uma empresa que estava a crescer rapidamente e que já teve um valor de mercado próximo ao da Marks & Spencer, mas que deslizou para 2,1 mil milhões de libras na segunda-feira.

 

O alerta também puxou para baixo as acções da Hennes & Mauritz, que chegaram a cair 7%. A retalhista sueca de roupas tinha divulgado o maior crescimento trimestral das vendas em três anos, mas os analistas atribuem esse desempenho ao excesso de descontos, câmbio favorável e base de comparação fácil.

 

Na semana passada, a espanhola Inditex, dona da rede Zara, citou a disseminação dos descontos na área de vestuário e avisou que tem tentando não baixar preços. Com isso, o crescimento das vendas ficou abaixo da meta no início do segundo semestre.

 

"O aumento das liquidações da Black Friday é negativo para as margens de retalhistas de vestuário como a H&M porque torna-se mais difícil que o preço volte ao normal em Dezembro", escreveu o analista Richard Chamberlain, da RBC Capital Markets.

 

(Texto original: Europe's Retail Apocalypse Spreads to Online From Stores)

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