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"Só há umas cinco pessoas capazes” para o cargo de governador com a qualidade de Centeno

O CEO da Caixa Geral de Depósitos entende que a independência do governador não é colocada em causa pela polémica em torno do convite de António Costa. Os banqueiros das cinco maiores instituições apelam à estabilidade.

Duarte Roriz / Cofina
16 de Novembro de 2023 às 13:47
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"O governador é sério e competente e não vejo razão para uma coisa afetar a outra". A convicção é do presidente da comissão executiva da Caixa Geral de Depósitos e foi expressa no debate sobre a banca do futuro inserida na conferência do Negócios com o mesmo nome. 

Questionado sobre a polémica em torno de Mário Centeno, Paulo Macedo afirmou que "se há um conflito de interesses ou um problema de 'governance', tem de ser esclarecido", mas apela "a que as pessoas pensem" sobre as competências para liderar o Banco de Portugal.

"Só há para aí cinco pessoas capazes de desempenhar o cargo com aquela qualidade", ironizou, comentando que a discussão pública por vezes pode levar a crer "que é indiferente ser o Joaquim ou o Manuel".

O CEO do banco público apelou ainda à estabilidade perante o cenário de crise política. "Temos de dar estabilidade, face a um cenário de acréscimo de incerteza. Em termos macro, o rating e o endividamento são absolutamente relevantes", defendeu.

A defesa da ideia de estabilidade foi corroborada pelos outros banqueiros presentes no debate. 

"Independentemente da intensidade do vento, é importante direcionarmos o barco para termos o vento de costas", metaforizou o presidente do Santander, Pedro Castro e Almeida, que admitiu que existe o risco que o caminho de redução da dívida e sustentabilidade das contas públicas possa ser posto em causa na sequência da queda do Governo. 

O CEO do Totta garante ser um defensor da redistribuição de riqueza, mas "apenas devemos distribuir depois de crescer".

A política de contas certas, realça, "levou a que o custo da dívida a 10 anos esteja ao nível de França e abaixo de Espanha e Itália", defendendo que esse legado não deve ser perdido. 

"Tudo o que seja instabilidade paga-se a prazo. Não no próximo trimestre ou no próximo ano mas se calhar nos próximos cinco anos", afirmou Castro e Almeida.

Miguel Maya, CEO do BCP, não esconde a apreensão sobre as perspetivas para o país: "Esta crise preocupa-me bastante porque um dos defeitos das democracias é um 'trade off' equilibrado entre políticas de longo e curto prazo", e quando há eleições "o curto prazo prevalece sobre o longo". 

"Há um risco acrescido de algumas alterações se atrasarem", afirmou, apelando a que "o país esteja preocupado com criar mais prosperidade". Portugal deve pensar "como tornar o país mais competitivo de forma estrutural e de longo prazo", alertou.

Francisco Barbeira, administrador do BPI, entende que o país precisa de "saber aproveitar o que fez nos últimos anos", o que significa "fazer escolhas e refletir".

"Precisamos de estabilidade, precisamos que todos façam uma reflexão e encontremos um ponto de estabilidades", defendeu. 

Luis Ribeiro, administrador do Novo Banco, admite um "otimismo moderado" sobre a evolução económica nacional e europeia. "Portugal tem melhor desempenho económico que outros países da União Europeia, mas é uma preocupação para as nossas empresas que exportam para mercados que vão entrar uma recessão".
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