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Presidente do Novo Banco admite custos com fraude de ex-gestor em Espanha

O presidente do Novo Banco admitiu esta quarta-feira que a fraude de um ex-gestor do banco em investigação em Espanha terá custos para a instituição, ainda que "menos do que se anuncia e sempre muito mais do que devia ser".

O Novo Banco, liderado por António Ramalho, reduziu, nos últimos dois anos, o peso dos ativos que herdou do Banco Espírito Santo.
Miguel Baltazar
05 de Março de 2020 às 08:00
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"É um caso de polícia, um caso confinado a um balcão, já encerrado, a um ex-funcionário e um grupo de clientes reduzido, cerca de 80", disse António Ramalho em entrevista à RTP3.

Já sobre o impacto que este caso de alegada fraude poderá ter no Novo Banco, Ramalho admitiu essa hipótese, uma vez que o banco pode vir a compensar os clientes, mas sem quantificar valores: "Aquilo que seremos chamados é menos do que se anuncia e sempre muito mais do que devia ser".

O jornal 'online' Eco noticiou esta quarta-feira que um ex-gestor do Novo Banco em Espanha está a ser investigado por ter burlado cerca de 80 clientes da região de Santander, através de um esquema de pirâmide que terá durado mais de uma década, reclamando os lesados 50 milhões de euros.

António Ramalho viajou esta semana a Espanha para se pôr a par da situação, segundo o Eco, estando a decorrer auditorias para avaliar o que se passou.

O Novo Banco divulgou na semana passada prejuízos de 1.058,8 milhões de euros em 2019, menos do que os 1.412,6 milhões de euros verificados em 2018.

Com as perdas de 2019 conhecidas, desde agosto de 2014, quando foi criado para ficar com parte da atividade bancária do BES, o Novo Banco já acumula prejuízos de 7.036,3 milhões de euros.

Na apresentação de resultados, como habitualmente, a administração separou as contas do banco recorrente do banco legado (os ativos problemáticos herdados do BES), informando que o banco recorrente dá lucro e que é a parte do legado que prejudica os resultados consolidados.

O banco vai pedir mais uma injeção de capital ao Fundo de Resolução, desta vez de 1.037 milhões de euros, no âmbito do acordo de recapitalização feito aquando da venda de 75% do capital ao fundo norte-americano Lone Star, em outubro de 2017, mantendo o Fundo de Resolução (entidade da esfera do Estado, gerido pelo Banco de Portugal) os restantes 25%.

Referentes a 2017 e 2018, o Novo Banco já recebeu 1.941 milhões de euros, pelo que com mais 1.037 milhões de euros o valor total injetado pelo Fundo de Resolução no Novo Banco ascenderá a 2.978 milhões de euros. Ao abrigo deste acordo, até 2026, o Novo Banco pode receber até 3,89 mil milhões de euros.

Uma vez que o Fundo de Resolução não tem dinheiro para fazer face a estas injeções de capital, todos os anos tem recorrido a empréstimos do Estado, o que se repetirá este ano (cerca de 850 milhões de euros).

Na entrevista desta quinta-feira à RTP3, António Ramalho considerou que o que tem de ser avaliado é se o investimento que está a ser feito pelo Estado no banco terá retorno.

Sobre a recuperação do banco, voltou a considerar que nesse processo é preciso "tempo e dinheiro" e que o ano de 2020 será fulcral na limpeza do banco.

Em 2016, o Novo Banco tinha um rácio de crédito malparado de 36% e em final de 2019 era de 11,8%, destacou, considerando que estes dados demonstram o trabalho que tem sido feito.

O Novo Banco está atualmente a ser alvo de uma auditoria aos créditos entre 2000 e 2018, cuja data de conclusão está prevista para maio, mas António Ramalho admitiu que possa demorar mais, considerando que como auditado prefere que trabalho "seja bem feito do que rápido".

Questionado sobre se considera que Mário Centeno, atual ministro das Finanças, tem condições para ser governador do Banco de Portugal, referiu Ramalho que o governante "tem feito um papel relevante na estabilidade do sistema financeiro e do próprio país".
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