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Oliveira e Costa: “ Acredito que terminaremos o ano com taxas de juro perto dos 3%”

O CEO do BPI afirmou, em entrevista à Rádio Renascença, que as taxas de juro deverão ficar já abaixo dos 3% até ao final do ano, chegando aos 2,5% no próximo. Mas aconselha “prudência”. Do 25 de Abril diz ter sido “uma oportunidade não ganha”. E na habitação defende que “tem de ser o Estado a dar o pontapé de saída”.

Esta é a terceira tentativa que o banco liderado por João Pedro Oliveira Costa faz para vender o BFA.
Alexandre Azevedo
Negócios jng@negocios.pt 20 de Abril de 2024 às 13:32

"Vai haver uma descida moderada [das taxas de juro], mas lenta, não vai ser repentina e não vamos quase de certeza para o patamar onde estávamos antes. Acredito que terminaremos o ano com taxas de juro perto dos 3% e que depois, durante o ano de 25, se aproximem mais dos 2,5%", afirmou este sábado o CEO do BPI em entrevista à Rádio Renascença


Apesar da visão otimista João Pedro Oliveira e Costa deixa, no entanto, um alerta: "Recomendaria às pessoas que mantivessem alguma prudência e não alterassem logo os hábitos de consumo", não por Portugal, "porque estamos num clima estável, mas pelo que vem de fora", como eleições nos Estados Unidos, ou situação na Ucrânia, exemplificou. 


O banqueiro passou em revista a situação do país e temas vários, como a crise na habitação. O Governo minoritário foi um dos aspetos em foco. "Se huver bom senso" a governabilidade é possível, acredita. "Estou de acordo com os principais principios do programa de Governo, a estabilidade financeira é desejável e temos de pensar que a forma de evoluirmos de forma estável é termos as contas em dia", até porque "isso vai provocar uma taxa de juro mais baixa", avisou. 


25 de Abril: "uma oportunidade "não ganha"


Para João Pedro Oliveira e Costa, o 25 de Abril, cujos 50 anos agora se comemoram, foi uma oportunidade não  ganha". Na sua opinião, "não cumprimos os objetivos da altura" e um dos principios foi começar logo de pé esquerdo, perdemos logo não sei quanto tempo, onde destruimos grande parte no nosso tecido empresarial". 


Atualmente é essencial, entende, "criar um plano estratégico para o país" e, mais, "percebermos o que queremos ser no mundo". Aumentar a produtividade é essencial, diz e para isso, "temos de formar as noassas pessoas" e "fazer escolhas na educação", com "um maior pendente nas escolas em temas como a matemática ou aspetos mais técnicas, preparando os nossos jovens". 


Por outro lado, "havendo uma estratégia, as empresas também adaptam os seus investimentos". Este modelo "em vários países funciona" e nós temos de ser "mais disciplinados" no mesmo sentido, defende. 


"Há determinados investimentos que eu não posso adiar", porque "posso pôr em causa o meu futuro", considera o líder do BPI. "É ridiculo e não compreendo que não se tome uma decisão sobre o novo aeroporto", exemplificou. "É confrangedor que os decisores políticos não tenham a mesma capacidade dos decisores das empresas".


Para João Pedro Oliveira e Costa, há comentadores a mais. "Fale-se menos, atue-se mais", defende.." Este é o país dos comentadores, toda a gente tem uma opinião". 


"Oiço uma data de gente a falar sobre uma data de assuntos (...) e é impressionante a quantidade de comentários", coisa que "não se vê noutros países". Aqui, "ou vemos comentadores ou futebol", mas "isto é a minha opinião falando de uma forma completamente livre". 


A tónica, defende, tem de ser a "execução". A começar pelo Governo. "Quem está a mandar que faça", o problema "é a quantidade de gente que põe paus na roda". "Vamos deixar governar", para já, diz, "vamos dar o benefício da dúvida" a "um arranque um pouco em falso, mas que acredito que possa ser corrigido". 


Na habitação, "tem de ser o Estado a dar o pontapé de saída" 


Sobre os apoios ao crédito, criados pelo anterior Governo, que pouco foram aproveitados, o presidente do BPI referiu que o seu banco tem  216 mil contratos de crédito à habitação e nos últimos 3 anos apenas foram entregues 14 casas, por impossibilidade de cumprimento por parte dos clientes. "E nos últimos 12 meses, foram zero", acrescentou.


E foi assim porque houve "condições negociadas com os nossos clientes, que foram para além do que o Estado anunciou". Na sua opinião, algumas das medidas foram "pouco necessárias, porque os bancos já estavam a fazer o seu trabalho". 


De resto, em relação ao problema da habitação, "tem de ser o Estado a dar o pontapé de partida", avisa. Se faltam 100 mil casas, "temos de ter industrialização da construção" e "o Estado tem de olhar para si e gerir o Estado como uma empresa, com melhores serviços, mais rápidos e menos burocracia". 

O peso, esse tem de diminuir. "Se, por exemplo, nós tínhamos 700 balcões e o mercado encolheu e hoje em dia tenho 316. Eu também tinha oito mil funcionários e tenho 4.300, não sei se estão a alcançar onde é que eu quero chegar. Tem de haver muitíssimo mais eficiência no aparelho do Estado, na resposta, na capacidade de se renovar, e é possível fazer 'reskilling' das pessoas."

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