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Macron defende fusões entre bancos europeus para fortalecer Europa
Numa entrevista à Bloomberg, o presidente francês defendeu que, sem uma maior integração financeira, a Europa vai enfrentar sérios riscos e que a União precisa de mais crescimento, mais investimentos e de se fortalecer perante ameaças como a da Rússia.
Emmanuel Macron afirmou esta terça-feira, em entrevista à Bloomberg, que estaria aberto à hipótese de um grande banco francês ser adquirido por um concorrente da União Europeia (UE) se tal estimulasse e aprofundasse a integração financeira, que vê como crucial para o futuro da União.
"Negociar como europeus significa que precisamos de consolidação como europeus", afirmou o presidente francês, em declarações à margem da cimeira de investimentos "Choose France", em Versalhes, Paris. "Temos que abrir essa caixa e adotar uma abordagem de mercado único que seja muito mais eficiente", frisou.
Com a Europa a ter de lidar com a guerra entre a Rússia e a Ucrânia e com a deterioração do sistema de comércio global, Macron tem tentado convencer os seus parceiros da UE a adotar aquilo que ele considera um programa transformador de reformas suscetível de tornar a UE numa potência económica mais unida e poderosa.
Para tal, defende, será preciso ser mais mais inteligente na proteção dos seus interesses, reduzindo a regulamentação dentro do mercado único e dando gás ao poder financeiro do bloco. Só assim, argumenta Macron a UE tem capacidade de competir de igual para igual com a China e os EUA.
Na cimeira que decorreu em Versalhes foram anunciados 15 mil milhões de euros de novo investimento estrangeiro em França, com Macron a destacar-se do seu antecessor, François Hollande, e da sua posição de defesa face ao investimento estrangeiro no país.
Contudo, escreve a Bloomberg, a posição de Macron não será facilmente aceite na UE, pela Alemanha e pelos seus tradicionais aliados, cautelosos quando se trata de partilhar os seus ativos financeiros com o resto da Europa e pouco abertos à ideia de um "capitalismo à la française.
"Temos que redefinir completamente nosso modelo", insistiu Macron, sob pena de conduzir a Europa a um caminho de declínio económico. Na sua opinião, esta é a forma de impusionar uma onda de investimentos para modernizar a economia, impulsionar o crescimento, estimular a inovação e, também, fortalecer o exército diante da ameaça da agressão russa.
A plena realização da união bancária, contudo, é uma realidade que continua a marcar passo, e a crise financeira, quando vários governos foram obrigados a resgatar bancos, deixou marcas. A criação de um sistema europeu de garantia de depósitos tem sido bloqueada, nomeadamente pela Alemanha, e, apesar do aumento dos poderes de supervisão do Banco Central Europeu, isso acaba por dificultar fusões entre bancos de diferentes países.