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Faria de Oliveira alerta para interesses nacionais na consolidação da banca
O presidente da APB não vê grande margem para consolidação em Portugal, mas Faria de Oliveira avisa as autoridades europeias que é preciso ter atenção a interesses nacionais. O antigo banqueiro acredita também que lucros da banca vão ajudar a melhorar a reputação do sector.
A banca em Portugal tem pouco espaço para consolidar. E é preciso acautelar o interesse nacional. São duas mensagens deixadas por Fernando Faria de Oliveira, presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB), no Fórum Banca, organizado pela PwC e Jornal Económico, que decorreu esta quinta-feira, 29 de Novembro, em Lisboa.
A consolidação vai ser decidida, na opinião de Faria de Oliveira, ou pelo "ajustamento da capacidade à procura existente" ou pela "ambição de crescimento de uma ou outra entidade".
Segundo o líder da APB, há duas forças a empurrar para a consolidação bancária: uma de mercado - "a necessidade de ajustamento [dos bancos] à procura de crédito, com eventual redução da capacidade instalada, ou busca de maior rentabilidade e eficiência, que a dimensão, escala e sinergias facilitarão" ; e outra do campo política – "a existência de vários níveis de bancos – pan-europeus, reginais e nacionais - inseridos no objectivo de criação do Mecanismo Único de Serviços Financeiros".
Faria de Oliveira olha para a eventual junção de bancos com preocupações: "É necessário acautelar a defesa da concorrência e o interesse dos cidadãos e das empresas, como condição fundamental nesses processos", frisou o responsável da associação de bancos.
"Mesmo no âmbito da União Bancária, as realidades e os interesses nacionais devem ser preservados", alerta.
Reputação melhora
À consolidação bancária, juntam-se outros factores que Faria de Oliveira vê como cruciais no seu futuro, como a reputação da banca. O presidente da APB tinha dito, em Maio, que as várias metas a que se tinha proposto no primeiro mandato tinham sido cumpridas, com uma excepção: a da reputação.
No discurso desta quinta-feira, o antigo presidente da Caixa Geral de Depósitos continua a dizer que a recuperação da reputação é uma "prioridade", mas foram já dados passos nesse sentido.
"O reforço da governance, da ética e da conduta assentes em padrões elevados e integrantes da cultura das instituições, o respeito integral pelos interesses legítimos dos clientes, através de uma gestão relacional que lhes confere mais confiança, representam já passos muito significativos na melhoria da imagem do sector", assinalou Fernando Faria de Oliveira.
Mas os lucros que a banca está a registar novamente também ajudam: "Naturalmente, a própria evolução positiva dos resultados dos bancos e da sua resiliência contribuem também para esta melhoria na imagem e confiabilidade do sistema".