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EUA travaram secretamente expansão do JPMorgan durante anos
O JPMorgan viu-se proibido de crescer ao longo de seis anos. Foi a punição decretada, de forma secreta, pelas autoridade por esta instituição infringir regulamentos do sector bancário.
Durante quase seis anos, o governo americano secretamente cortou as asas ao maior banco do país, o JPMorgan Chase. As coisas só mudaram graças aos reguladores "amigos" da banca que trabalham na administração Trump.
Através de medidas que não eram de conhecimento público, autoridades do governo de Barack Obama impediram a instituição de abrir agências em novos Estados do país, como punição por infringir regulamentos do sector bancário, de acordo com pessoas próximas do assunto.
O ambicioso plano de expansão nacional que o JPMorgan anunciou no início do ano só foi possível depois de o governo Trump retirar as restrições impostas a partir de 2012, revelaram as mesmas fontes, que pediram anonimato por estarem a discutir a influência das autoridades reguladoras no projecto do banco.
O JPMorgan foi alvo de mais de 30 mil milhões de dólares em multas, despesas jurídicas e obrigações desde a crise financeira de 2008, inclusivamente por causa das aquisições da Bear Stearns e do Washington Mutual. O risco excessivo assumido pelo operador que ficou conhecido como a "Baleia de Londres" e o facto de não ter alertado para o esquema de pirâmide de Bernard Madoff estão entre os erros cometidos pelo banco.
Dentro de uma política regulatória não explícita, o Controlador da Moeda dos EUA (OCC) discretamente impediu o JPMorgan de se expandir em mais Estados enquanto resolvia as violações de "compliance", segundo as fontes.
Expansão proibida
Embora os bancos conversem em particular com autoridades reguladoras com uma certa frequência e até avaliem como reagem aos seus potenciais planos, as fontes ouvidas descreveram a proibição como uma das formas mais extremas de controlo a partir dos bastidores.
As autoridades foram ainda mais longe para punir o Wells Fargo, limitando os seus activos após um padrão de lapsos e abusos ser conhecido. Janet Yellen, que presidiu o banco central (Reserva Federal) durante o governo Obama, anunciou o castigo sem precedentes no seu último dia no cargo.
O JPMorgan é o maior banco americano tendo em conta o total de activos e tinha 5.130 agências em 23 Estados do país no fim de 2017. Agora, com a postura tranquilizadora recente das autoridades que trabalham para Donald Trump, o banco pretende abrir 400 agências em até 20 novos mercados nos próximos cinco anos, incluindo em Boston, Filadélfia e Washington.
O banco abrirá agências num novo Estado pela primeira vez em mais de uma década. A expansão pode gerar uma receita adicional anual de 1,5 mil milhões de dólares a partir de 2022, de acordo com o Morgan Stanley.
"Extremamente empolgados"
"Estamos extremamente empolgados por estarmos a expandirmo-nos novamente, com uma política regulatória inteligente e um sistema competitivo de impostos corporativos que nos ajudam a cumprir o nosso compromisso de investir nos nossos clientes e comunidades", declarou o presidente do banco, Jamie Dimon, a 12 de Outubro.
O JPMorgan resolveu muitos dos problemas de compliance, mas o OCC ainda tem medidas em aberto contra a instituição.
Andrew Gray, porta-voz do JPMorgan, afirmou que o banco não comenta questões relacionadas com a supervisão governamental.
"Abrir novas agências é um investimento sustentável e de longo prazo nas comunidades que atendemos", disse Gray. "A entrada em novos mercados trará toda a força de negócios e os recursos filantrópicos do JPMorgan Chase, criará milhares de empregos bem remunerados e permitirá o atendimento a mais clientes e negócios locais ao emprestar e investir nas suas comunidades."
O porta-voz do OCC, Bryan Hubbard, não comentou.
(Texto original: JPMorgan's Secret Punishment: U.S. Halted Its Growth for Years)