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Cristas defende que Banco de Portugal é que lidou com BES e recusa ter assinado 'de cruz'
A presidente do CDS-PP recusou hoje ter 'assinado de cruz' a resolução do BES e assegurou que apenas aprovou electronicamente um decreto que dava poderes ao Banco de Portugal, de acordo com a orientação do primeiro-ministro.
"Não se trata de assinar de cruz ou não assinar de cruz. Houve um procedimento, que é um procedimento de aprovação à distância, aprovação electrónica. Aquilo que eu expliquei, e que não percebo porque é que deu tanta conversa, porque não era novidade, eu já tinha dito isto anteriormente, é que em matéria de sector financeiro o entendimento do Governo, o entendimento do senhor primeiro-ministro era que esse assunto devia ser tratado pelo Banco de Portugal", afirmou a líder do CDS-PP, Assunção Cristas.
A líder centrista falava aos jornalistas, no final de uma visita à Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), em Lisboa, respondendo às críticas que se seguiram à entrevista que deu ao jornal Público, na qual afirmou que as questões da banca não tiveram discussão aprofundada em Conselho de Ministros, no Governo PSD/CDS-PP, do qual fez parte, e que aprovou por correio electrónico o decreto para a resolução do BES.
"A orientação do Governo foi muito clara: o regulador tem os instrumentos e quando não tem devem-lhe ser dados, foi o caso desse diploma, para que possa trabalhar aprofundadamente nessa matéria, sem interferência do Governo", afirmou hoje Assunção Cristas.
"Se alguma coisa pode ser questionada mais para trás, inclusivamente, é o memorando que foi assinado com a 'troika', onde estava apenas previsto um pacote de 11 mil milhões de euros para a banca. Sabemos que todos estes problemas de agora não nasceram sequer no tempo do anterior Governo, nasceram antes desse tempo", acrescentou.
Para a presidente do CDS-PP, o que pode estar em causa, "é o funcionamento da regulação e da supervisão nessa altura e é também a actuação do Governo anterior [ao governo do PSD/CDS], nomeadamente, interferindo na banca".
"O Governo funciona com base num princípio de confiança e de solidariedade entre membros do Governo. Para outras leituras da realidade é muito estranho que um Governo não intervenha no sector financeiro, para o Governo liderado pelo doutor Pedro Passos Coelho a orientação era: ao Banco de Portugal aquilo que pertence à banca, sem interferências do Governo", insistiu.