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CGD fecha agências para ter relacionamento "totalmente digital" com universitários
Um dos critérios da Caixa para a escolha dos balcões a encerrar foi as que têm clientes universitários. O negócio gerado e a proximidade a outros são os outros critérios. O Governo diz que, no final da reestruturação, o banco público terá a maior rede de agências do país.
A Caixa Geral de Depósitos optou por fechar agências em instalações universitárias porque quer ter apenas um relacionamento digital com os clientes deste segmento. Este foi um dos critérios que, de acordo com o Ministério das Finanças, foi tido em conta pelo banco público na escolha dos balcões a encerrar, objectivo a que está obrigado pelo acordo assinado pelo Estado português com a Comissão Europeia.
Um dos grandes critérios referidos por André Moz Caldas, chefe de gabinete do ministro Mário Centeno, em resposta a perguntas dos deputados social-democratas sobre o fecho da agência de São Vicente da Beira, em Castelo Branco, é a "adaptação ao modelo de gestão de clientes do segmento universitários para uma gestão do relacionamento destes clientes totalmente digital, que é o que melhor responde às suas necessidades e ao modelo preferencial de interacção com a CGD".
Logo quando se tornou público que o banco presidido por Paulo Macedo iria fechar 70 agências, a Lusa avançou que algumas delas estavam em universidades (Técnico, ISCTE e Aveiro). A CGD apostou no segmento universitário, num passo dado também pelo Santander Totta, mas está agora de deixar de ter uma presença física.
Mas este não foi o único critério de escolha. Em relação a segmentos de negócios, os balcões que são sustentados por negócio de empresas também estão entre os escolhidos, precisamente porque "a actividade comercial se exerce junto do cliente e não através de um estabelecimento localizado". Ou seja, nas empresas clientes e não no banco.
Na resposta ao PSD, também é assinalado que as agências a fechar são escolhidas pela "reduzida rendibilidade, traduzida em montantes modestos de produto bancário e/ou volume de negócio com poupa expressão, em localidades com fraco crescimento de negócio actual e potencial". Da mesma forma, a "frequência", isto é, o "menor número de transacções ao balcão" concorre para a opção.
A 2 km de agência de concorrentes
A distância é outro tema: "A proximidade com outras agências (distância inferior a dois quilómetros entre agências)" é um dos critérios, neste caso referente a balcões de outros bancos. Mas também são escolhidas "agências em concelhos de menor densidade populacional e cuja distância à agência mais próxima da CGD é inferior a 25 quilómetros e em que o modelo de acompanhamento de clientes permite manter um acompanhamento adequado dos serviços prestados com minimização da perda de contactos".
A CGD fechou cerca de 70 agências no mês passado. Segundo a missiva, 55 delas estão localizadas no litoral e, destas, 35 são nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto.
"O movimento de encerramento de balcões começou mais tarde na CGD que nos seus concorrentes e, no final deste processo, o banco público continuará a deter a maior rede de agências em Portugal", evidencia o chefe de gabinete de Centeno. Neste momento, o Santander Totta, pela integração do Popular, ficou com mais agências.
A Caixa tem um plano estratégico para implementar até 2020, por resposta à capitalização de 4,9 mil milhões de euros, e um dos objectivos é chegar a 2020 com menos de 480 balcões. Tinha 587 balcões em Março, estando agora, após o encerramento, mais próximo daquela meta.
Uma das mitigações implementadas pela Caixa para mitigar o fecho de balcões (embora não em todas as localidades onde se encontra) é a circulação de agências móveis (carrinhas). Ao fim de um ano de actividade, e como o Negócios adiantou, a instituição financeira estatal prevê chegar ao terceiro distrito (Portalegre), depois de Castelo Branco e Guarda.