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BCE critica prémios pagos em dinheiro aos banqueiros
O presidente do Mecanismo Único de Supervisão do BCE diz que os bancos estão a incentivar a tomada de mais risco e visões de curto prazo nas instituições financeiras.
Andrea Enria, que assumiu no ano passado o cargo de presidente do Mecanismo Único de Supervisão do Banco Central Europeu, criticou hoje a política de pagamento de prémios por parte de vários bancos europeus, que estão a conseguir contornar as regras definidas pelos reguladores após a crise financeira.
Enria destacou sobretudo o procedimento utilizado por muitos bancos, que estão a premiar os banqueiros com o pagamento de bónus em dinheiro. Uma prática que contraria o objetivo das regras definidas pelos reguladores, que visavam sobretudo incentivar as instituições financeiras a serem mais prudentes e assumirem menos risco, ao permearem os gestores com instrumentos de longo prazo (ações e outros instrumentos financeiros).
"Alguns bancos estão abaixo das nossas expectativas. Os bónus ainda são em grande parte pagos em dinheiro em vez de ações ou outros instrumentos financeiros", disse Enria numa conferência em Dublin, citado pela Bloomberg.
Enria explicou que apesar das regras terem ficado mais apertadas, os esquemas de remuneração dos banqueiros são bastante complexos e continuam a permitir que os gestores sejam compensados por assumirem mais risco.
As remunerações "estão cada vez mais desligadas da sustentabilidade dos bancos", o que "incentiva uma visão de curto prazo, com os lucros de hoje a terem precedência sobre a evolução das ações amanhã e a capacidade de pagar aos credores" no futuro, acrescentou Enria.
Segundo a Reuters, o italiano disse que o BCE vai tomar medidas para que as práticas de pagamento de bónus sejam harmonizadas na Zona Euro, já que vários países estão a implementar as mesmas regras de forma diferente.
O Mecanismo Único de Supervisão tem a seu cargo a vigilância das instituições financeiras da Zona Euro, 118 das quais - com ativos avaliados em 21 biliões de euros - estão sob o olhar direto do BCE.