Notícia
Bankinter Portugal antecipa 2.º semestre mais difícil mas espera melhorar resultado
O presidente executivo do Bankinter Portugal considera que o segundo semestre do ano será mais difícil do que o primeiro, face às baixas taxas de juro, mas mostrou-se confiante de que irá aumentar os lucros face a 2018.
"Temos a certeza que o segundo semestre vai ser mais difícil do que o primeiro, por um contexto de taxas de juro negativo. Sob o ponto de vista de receitas o segundo semestre será mais complicado, mas será possível chegar ao final do ano e melhorar o ano anterior", disse Alberto Ramos, em declarações à Lusa.
No primeiro semestre, o Bankinter Portugal teve um resultado antes de impostos de 35 milhões de euros, 11% mais do que em junho de 2018, segundo foi conhecido aquando da apresentação em Espanha dos resultados do grupo (lucro de 309 milhões de euros, mais 18,3% em termos homólogos). Em 2018, o Bankinter Portugal teve um resultado antes de impostos de 60 milhões de euros, mais 92% do que o registado em 2017.
Questionado sobre se o banco está a pensar alterar a estratégia para se adaptar ao novo contexto de juros que penaliza o setor bancário, Alberto Ramos afirmou que está a ser conduzido um "exercício nesse sentido" para o banco se preparar.
"Procuraremos melhorar o resultado ano após ano, mesmo num contexto mais difícil. Passará pelo crescimento do negócio saudável como até agora e olhar para bases de custos, mas com uma diminuição limitada para quem quer crescer com está a crescer", afirmou.
Esta semana, em que os principais bancos a operar em Portugal estão a apresentar resultados, o tema das baixas taxas de juro dominou as conferências de imprensa, com presidentes de CGD, BCP, Santander Totta e BPI a anteciparem pressões sobre as receitas na sequência da decisão do Banco Central Europeu (BCE) de manter as taxas de juro e de ter dado a entender que pretende que continuem a este nível ou "mais baixas" durante um período alargado, já que pressiona significativamente a margem financeira(diferença entre os juros que bancos cobram no crédito e juros que oferecem nos depósitos).
O grupo espanhol Bankinter está em Portugal desde 2016, quando comprou parte da atividade e a rede comercial do Barclays, e tinha no final de junho uma carteira de crédito total de 5.800 milhões de euros, sobretudo dedicada ao crédito à habitação (representa 65% da carteira de crédito). O crédito à habitação aumentou 4,6% para 3.900 milhões de euros.
O banco tem vindo a apostar também no crédito às empresas. O valor total da carteira de crédito a empresas era de 1.700 milhões de euros no fim do primeiro semestre, mais 37% em termos homólogos, tendo a produção de crédito a empresas sido de 750 milhões de euros até junho, o que o gestor considerou em linha com o objetivo para este ano de conceder 1.500 milhões de euros.
"Contrasta com o que acontece no mercado, no sistema financeiro português", considerou o presidente executivo à Lusa.
No crédito à habitação, foram concedidos 350 milhões de euros no primeiro semestre, tendo uma quota de 6,5% na produção do sistema financeiro português.
"Estamos satisfeitos na quota de produção, não queremos ter o banco dependente de um produto apenas", disse o responsável, afirmando que as empresas têm um peso "cada vez maior no negócio do banco".
Sobre o crédito em incumprimento, afirmou Alberto Ramos que é de 3% e que espera baixar para 2,5% com o aumento da carteira de crédito, que diluirá o malparado.
"Temos uma carteira saudável, não perspetivamos vendas", explicou.
Do lado dos recursos (em que se incluem os depósitos), esses aumentaram 13% face a período homólogo para 4.700 milhões de euros.
O gestor disse ainda que os resultados resultam também da "contenção de custos", que reduziram 4% para 43 milhões de euros.
Questionado sobre uma eventual eexpansão em Portugal, o gestor afirmou que o banco está focado no crescimento do negócio, mas que não deixará de "olhar para outras oportunidades" e estudar "oportunidades que possam surgir".
No final de junho, o Bankinter tinha 770 trabalhadores e 81 agências, além de centros de empresas e dedicados a clientes 'private'. A quota de mercado do banco é de cerca de 2%.