O Espírito Santo Financial Group (ESFG) e o Crédit Agricole pediram a suspensão da assembleia-geral, onde os accionistas deveriam deliberar sobre a cooptação dos novos gestores (Vítor Bento, João Moreira Rato e José Honório); a nomeação de Paulo Mota Pinto; a criação do conselho estratégico e a criação do cargo de vice-presidente executivo.

"O ESFG invoca os 'factos supervenientes e inesperados' entretanto ocorridos, entre os quais a apresentação dessa sociedade a um pedido de gestão controlada no Luxemburgo. Por seu turno, o Crédit Agricole dá o seu acordo ao pedido de desconvocação formulado pelo ESFG, pedindo que seja retirada a proposta por si apresentada", explica o comunicado enviado esta terça-feira, 29 de Julho, para a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

"Esta solicitação implica que se dê sem efeito a totalidade das propostas formuladas, esvaziando consequentemente de conteúdo a reunião da assembleia-geral prevista para o dia 31 do corrente" mês, acrescenta a mesma fonte.

A mesa da AG deu provimento ao pedido apresentado pelos dois accionistas do BES, comunicando a "desconvocação da assembleia-geral extraordinária", agendada para o dia 31 de Julho.

Assim, a criação do conselho estratégico, um comité que teria como missão assistir o conselho de administração na definição da estratégia societária, através da emissão de pareceres não vinculativos, fica assim sem efeito, uma vez que estava previsto que os accionistas aprovassem este órgão na reunião.

Já a nomeação de Paulo Mota Pinto fica igualmente sem efeito, já que, ao contrário de Vítor Bento, Moreira Rato e José Honório, não foi cooptado. A sua nomeação estava dependente da AG. Paulo Mota Pinto estava também proposto para ser presidente do conselho estratégico. 

Esta decisão surge numa altura em que várias empresas do Grupo Espírito Santo (GES) já apresentaram pedidos de protecção contra credores, nomeadamente a ESFG cujo pedido de "gestão controlada" já mereceu a aprovação do Luxemburgo.

A AG ia decorrer um dia depois do BES revelar os seus resultados do primeiro semestre. O banco agora liderado por Vítor Bento vai apresentar os números dos primeiros seis meses do ano na próxima quarta-feira, 30 de Julho, com os investidores a aguardarem para saber qual a dimensão das perdas associadas aos problemas no GES. Ainda ontem o Expresso noticiou que as perdas semestrais deverão rondar os três mil milhões de euros, um valor que supera os 2,1 mil milhões que o BES tem de almofada financeira. Esta notícia fez com que o próprio Banco de Portugal viesse a público para tranquilizar os investidores. 

"Em face das notícias divulgadas sobre um eventual resultado negativo a apresentar pelo Banco Espírito Santo, com referência a 30 de Junho de 2014, o Banco de Portugal reitera que, caso venha efectivamente a verificar-se qualquer insuficiência da actual almofada de capital, o interesse demonstrado por diversas entidades em assumirem uma posição de referência no BES indicia que é realizável uma solução privada para reforçar o capital", diz o comunicado. Além disso, "está disponível a linha de recapitalização pública criada no âmbito do Programa de Assistência Económica e Financeira", acrescentou o regulador.

(Notícia actualizada, pela segunda vez às 15h35, com mais informação)