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Agência europeia alerta contra resgates de bancos zombies devido à pandemia
Elke Koenig considera que as propostas de algumas autoridades europeias de criar um banco da UE para comprar empréstimos duvidosos, ou "bad bank", são prematuras e provavelmente impraticáveis.
A principal autoridade europeia encarregada da resolução de bancos em crise alertou contra o uso de dinheiro dos contribuintes para resgatar instituições já em dificuldades antes da pandemia da covid-19.
As consequências económicas do vírus pressionam os limites de ajuda estatal na Europa. Com isso, Elke Koenig, que comanda o Conselho Único de Resolução (SRB, na sigla em inglês), disse que distribuir ajuda específica aos bancos "não deveria significar que estamos de volta aos resgates".
A pergunta que precisa ser feita é "o que é um problema relacionado com o coronavírus e o que talvez seja um problema crónico que apenas recebeu o último pontapé" com esta crise, disse Elke em entrevista de Bruxelas.
A posição de Elke será crucial para o debate sobre o assunto que deve intensificar-se, com mais empresas a fechar as portas, o que deve causar um buraco nos balanços dos bancos. Por enquanto, o Banco Central Europeu e outras autoridades forneceram ajuda sem precedentes ao setor, permitindo que os bancos recorram às almofadas de capital e ajustando as regras para garantir a continuidade da oferta de crédito.
Os governos usaram biliões de euros para sustentar os bancos durante a crise financeira, tornando-se acionistas diretos em algumas instituições. Mais de uma década depois da intervenção, o governo alemão ainda detém cerca de 15% do Commerzbank.
O SRB foi criado em 2015, juntamente com uma nova estrutura europeia para garantir que bancos em crise sejam tratados de forma igual em toda a região, poupando os contribuintes sempre que possível. Ainda assim, os políticos encontraram várias formas de evitar impor prejuízos aos investidores, usando dinheiro público para sustentar bancos em dificuldades nos últimos anos.
A Comissão Europeia, braço executivo da UE, disse em março que a ajuda aos bancos para compensar os "danos diretos" sofridos como resultado do vírus não estaria sujeita às restrições usuais. As regras também foram aligeiradas para muitos outros setores da economia, e os governos usaram essa margem para ajudar companhias aéreas e distribuir muitos milhares de milhões euros em garantias de empréstimos.
Elke também disse que propostas de algumas autoridades europeias de criar um banco da UE para comprar empréstimos duvidosos, ou "bad bank", são prematuras e provavelmente impraticáveis porque entregariam a um único gestor uma "mistura" de ativos. "Não estou muito convencida de que um banco global que esteja a receber ativos de vários países seja uma solução gerível", disse.
Segundo Elke Koening, é "amplamente realista" esperar que alguns bancos enfrentem dificuldades no fim deste ano e em 2021. "Serão instituições que falhadas ou com probabilidade de falhar? Não sei. Agora estamos apenas a monitorizar", disse.