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2005: Jardim Gonçalves saiu e o BCP nunca mais foi igual

Duas décadas após ter fundado o BCP, Jardim Gonçalves cedeu a liderança a Teixeira Pinto. A escolha "positiva" revelou-se problemática. Menos de três anos depois, nenhum já estava no banco.

Duas décadas após ter fundado o BCP, Jardim Gonçalves cedeu a liderança a Teixeira Pinto. A escolha 'positiva' revelou-se problemática. Menos de três anos depois, nenhum já estava no banco.
Miguel Baltazar
30 de Maio de 2017 às 21:10
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O plano de sucessão estava definido há meses mas só foi accionado quatro dias antes do anúncio da intenção de Jardim Gonçalves  deixar a liderança do BCP. Na manhã de 21 de Janeiro alguns directores envolvidos na operação foram alertado por mensagem telefónica. No dia 25 era feito o anúncio público: o mais poderoso banqueiro do país ia ceder o lugar a um delfim inesperado, Paulo Teixeira Pinto. Pelo caminho ficava o eterno candidato a sucessor, Filipe Pinhal.

A decisão gerou um coro de elogios. Os accionistas do BCP assinalaram "a grande mestria" com que Jardim Gonçalves geriu "a hora da sua saída", disse João Pereira Coutinho. O facto de esta ser "uma passagem serena, tranquila", sublinhou Hipólito Pires. E a decisão "ter sido tomada em antecipação dos prazos previstos, (...) uma clara demonstração da capacidade do banco em tomar as decisões no tempo próprio", defendeu Vasco de Mello.

Jardim Gonçalves apresentou a escolha de Teixeira Pinto como "positiva para o banco, para os seus accionistas, para os seus clientes e para o sector financeiro". O banqueiro mal podia imaginar que a sua decisão ia abrir caminho a uma mudança radical e definitiva no BCP. Ao ponto de, menos de três anos depois, já nenhum dos dois estar no banco.

Nos primeiros meses, a sucessão parecia ter correspondido às expectativas iniciais. Jardim Gonçalves cedeu o protagonismo a Teixeira Pinto e remeteu-se ao lugar de presidente do conselho superior, onde tinham assento os accionistas. O novo presidente do BCP começou a trabalhar para fazer crescer o banco. E até traçou uma "linha da vida" para o valor da instituição em bolsa. Dez mil milhões de euros eram o preço da independência.

Foi para fazer crescer e valorizar o banco que  Teixeira Pinto tentou comprar um banco na Roménia e lançou uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre o BPI. Nesta operação, contou com o apoio de Jardim Gonçalves. Primeiro nos bastidores, tentando convencer os accionistas do rival. Depois acompanhando o sucessor na assembleia-geral do BPI que prometia ser decisiva para o sucesso da OPA.

Fracassada a oferta, a cisão entre os dois banqueiros, que vinha crescendo nos bastidores, tornou-se pública. Cada um passou a liderar um blocos de accionistas rivais que se digladiaram pelo poder no BCP durante vários meses. Ambos foram derrotados. Teixeira Pinto saiu no final do Verão de 2007. Poucos meses depois, surgiu um conjunto de denúncias sobre irregularidades cometidas no tempo de Jardim Gonçalves. O fundador foi obrigado a sair. E acabou condenado pelo Banco de Portugal.
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