Notícia
Semi: O primeiro camião eléctrico da Tesla é conhecido dentro de horas
O objectivo da marca norte-americana é criar um camião de transporte de mercadorias com autonomia para 320 a 480 quilómetros. O novo "bebé" eléctrico já tem nome: Tesla Semi. E a sua apresentação ao mundo vai ser "arrebatadora", promete Elon Musk.
Elon Musk, CEO da fabricante norte-americana de veículos eléctricos Tesla, apresenta esta quinta-feira, 16 de Novembro, o seu primeiro camião de longo curso, de classe 8 e totalmente movido a electricidade, com autonomia para mais de 300 quilómetros.
O protótipo vai ter uma autonomia entre os 320-480 quilómetros e tem o nome de Tesla Semi. O objectivo de Elon Musk será lançar este camião no período de dois anos e desde Agosto passado, quando se soube mais sobre as suas características, que se espera pela sua apresentação oficial.
A apresentação ao mundo deste "semi-truck" -, no fundo um semi-reboque, cuja produção de arrastou pelo último par de anos - esteve agendada para Setembro e posteriormente para 26 de Outubro, tendo acabado a data por recair depois em Novembro. E Musk explicou porquê.
O líder da Tesla declarou que a apresentação seria adiada para 16 de Novembro devido à necessidade de a marca se focalizar na normalização da produção do carro eléctrico Model 3, bem como devido à exigência de esforços redobrados para desenvolver soluções de electricidade para Porto Rico na sequência do furacão Maria – que foram mais tarde aplicadas num hospital de San Juan, segundo a The Verge.
A apresentação do Semi - que, segundo Musk, vai ser "arrebatadora" - está agendada para esta quinta-feira as 20:00 em Hawthorne, na Califórnia, o que significa que já será madrugada (04:00 da manhã) de sexta-feira em Lisboa.
Tesla Semi Truck unveil to be webcast live on Thursday at 8pm! This will blow your mind clear out of your skull and into an alternate dimension. Just need to find my portal gun ...
— Elon Musk (@elonmusk) 12 de novembro de 2017
Até ao momento, a Tesla já mostrou duas fotos do Semi "para abrir o apetite" dos mais curiosos. Além disso, em Outubro, um utilizador do Reddit fotografou o que será alegadamente o camião, a ser transportado na Califórnia, Estado onde fica a sede da Tesla.
O objectivo da marca é criar um camião para transportar mercadoria para distâncias mais curtas, pois os camiões com motores a gasóleo têm autonomias para percorrer mais de mil quilómetros.
Mas, para ter uma autonomia acima de 300 quilómetros e ser capaz de transportar cargas pesadas, o Tesla Semi precisa de ter baterias com uma "capacidade maior dos que as actualmente existentes no mercado", conforme sublinhava o site Electrek em Agosto.
Musk garantiu em Junho que é possível transportar mercadorias usando um camião eléctrico. "Muitas pessoas pensam que não é possível ter um camião eléctrico capaz de transportar grandes mercadorias e com uma grande autonomia, mas estamos confiantes que isto pode ser alcançado", disse o fundador e líder da Tesla durante o encontro anual da marca.
Nos Estados Unidos, 30% das viagens de transportes de mercadorias são entre os 160 e os 320 quilómetros. "Desde que consigam atingir os 320 quilómetros, a Tesla pode dizer que o seu camião é de longa distância e tecnicamente vai estar correcto", considera Sandeep Kar, responsável da canadiana Fleet Complete, empresa que analisa dados de transportes de mercadorias.
Segundo contas da Bloomberg, a diferença de valor na compra de um camião diesel convencional ou de um novo camião eléctrico Tesla pode ser recuperada no espaço de dois anos. Para o caso de um camião eléctrico de longo curso, o investimento na compra ascende a 215 mil dólares contra 150 mil dólares do convencional, ou seja, 65 mil dólares de diferença.
A agência noticiosa estima uma poupança anual de 24 mil dólares em combustível e sete mil dólares em manutenção, o que nos dois anos - um total de 62 mil dólares - fica muito próximo de cobrir a diferença entre os preços iniciais dos dois tipos de camiões.
Permanecem ainda várias incógnitas em torno do camião que será apresentado esta madrugada: quem serão os seus primeiros clientes (desde logo, espera-se que a casa-mãe seja pioneira no seu uso para transporte dos carros produzidos na companhia), como funcionará a rede de reparação e manutenção, ou como é que será garantido o carregamento das baterias no caso destes veículos tão exigentes do ponto de vista do consumo?
O Tesla Semi poderá assim ser a boa notícia por que esperam os investidores da empresa. No passado dia 1 de Novembro, a Tesla Motors voltou a decepcionar o mercado, ao prorrogar uma vez mais a sua meta para fabricar 1.500 veículos por dia. Além disso, registou no terceiro trimestre prejuízos superiores às estimativas.
A fabricante norte-americana de veículos eléctricos Tesla registou uma perda de 619,4 milhões de dólares no terceiro trimestre, terminado a 30 de Setembro, contra lucros de 21,9 milhões um ano antes. Tratou-se, assim da maior perda trimestral da história da Tesla.
Numa base ajustada (excluindo itens extraordinários), registou um prejuízo de 1,92 dólares por acção – valor superior aos 1,45 dólares por acção esperados pelos analistas inquiridos pela Zacks Investment Research e que compara com um lucro de 71 cêntimos por acção no mesmo período de 2016.
As receitas, por seu lado, aumentaram 30% para 2,98 mil milhões de dólares. O consenso de mercado apontava para 2,90 mil milhões, pelo que a facturação superou as expectativas.
No entanto, os prejuízos e a incapacidade de atingir metas de produção que tinha definido castigaram a empresa em bolsa, que logo após o anúncio dos resultados afundou mais de 5% no "after-hours" da bolsa nova-iorquina.
No dia 3 de Outubro, a Tesla tinha já dado conta de problemas na produção do novo Model 3, quando revelou que tinha apenas produzido 260 unidades no terceiro trimestre – contrariando grandemente a sua meta de "mais de 1.500" prevista só para Setembro.
Agora, veio dizer que a meta de produção de 1.500 Model 3 por semana está adiada para finais do primeiro trimestre de 2018, o que desgostou os investidores.
Recorde-se que a ideia da Tesla é fabricar 500.000 carros por ano a partir de 2018. E para a alcançar conta grandemente com o Model 3 – que, a avaliar pelos seus revezes, poderá dificultar a concretização desse objectivo.
Elon Musk, além de liderar a Tesla, é também CEO da empresa de foguetes SpaceX e presidente não executivo da SolarCity [que se dedica à concepção, financiamento e instalação de sistemas de energia solar], além de ter sido o criador do sistema de pagamentos online Paypal.