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Guerra franco alemã no automóvel: ambiente ou mercado?
A Comissão Europeia anunciou a abertura de um inquérito à Alemanha por não aplicar correctamente a normativa europeia sobre a instalação de dispositivos de ar condicionados em determinados carros produzidos por marcas alemãs. O caso tornou-se público quando a CE deu razão à França, que suspendeu a matriculação de novos modelos Mercedes por estes não cumprirem as regras europeias no que diz respeito ao gás utilizado no sistema de ar condicionado. Os modelos afectados eram os Classe A, B e CLA.
Segundo noticia o jornal espanhol Cinco Dias, Bruxelas considera que alguns fabricantes podem estar a incumprir a directiva europeia, uma vez que não usam o liquido de refrigeração para ar condicionados previsto pela legislação europeia.
A CE enviou a Berlim uma carta de averiguações (o primeiro passo do processo de infracção) em que solicita a aplicação do regulamento, que obriga o uso de líquidos menos contaminantes.
O executivo comunitário considera que alguns carros “foram postos no mercado por um fabricante” alemão sem cumprir as normas exigidas. No comunicado, não explicita de que construtor se trata. Mas no Verão passado, o executivo comunitário solicitou à Alemanha explicações para clarificar o conflicto aberto na França com a proibição de venda dos novos modelos da Mercedes A, B, e CLA.
A Mercedes tinha denunciado a França por ter vetado a venda dos seus modelos, já que o organismo de homologação francês disse que não tinha encontrado nenhum problema com o gás refrigerante R1234y. A marca alemã recusa-se a usar este produto, alegadamente, por não ser totalmente seguro. Por isso, o governo francês proibiu todas as novas matrículas para os modelos referidos desde 12 de junho.
Na altura o diretor-geral da marca alemã em França, enquadrou a questão numa disputa de mercado que nada tem a ver com questões ambientais. Afirmou que cerca de 55% dos clientes do Classe A vêm de outras marcas, nomeadamente ex-proprietários de Renault Mégane ou Peugeot 308.
Apesar da mudança de leis comunitárias que obrigavam à utilização de outra refrigerante, a marca do grupo Daimler não a aplicou a partir de 1 de Janeiro do ano passado.
“As autoridades alemãs optaram por não sancionar e não impor ao fabricante as alterações necessárias”, assinala a Comissão. A partir do passo dado agora, a Alemanha tem um prazo de dois meses para responder a intimação de Bruxelas, e em caso de não o fazer de forma considerada satisfatória, o caso pode avançar para o Tribunal Europeu.