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Audi prepara ultrapassagem à BMW e à Mercedes

A marca “premium” do grupo Volkswagen quer bater as suas rivais nos próximos anos. A Audi defende o lançamento de incentivos ao abate e mais incentivos para o carro eléctrico. A marca também explica como crescer sem precisar dos “rent-a-car”.

Bruno Simão
27 de Dezembro de 2017 às 22:00
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Audi quer ultrapassar as suas rivais directas no mercado português. A marca "premium" do grupo Volkswagen garante que está a trabalhar para ultrapassar a BMW e a Mercedes no médio prazo. 

A ambição da marca alemã é assumida pelo novo director-geral da Audi em Portugal, Alberto Godinho, em entrevista ao Negócios. "Para nós é claro: temos a ambição de recuperarmos o atraso que temos hoje face aos nossos principais concorrentes no espaço de três a cinco anos. Essa é a nossa ambição", declara Alberto Godinho.

A marca dos quatro anéis espera "acabar o ano com um crescimento de cerca de 3%". Olhando para trás, a Audi, representada em Portugal pela SIVA (Sociedade de Importação de Veículos Automóveis), fechou o ano de 2016 com um crescimento de 0,5% nas vendas para 9.503 unidades, com uma quota de 4,58 % do mercado de ligeiros de passageiros.

Mas o gestor destaca que as vendas vão crescer a dois dígitos no canal da rede de concessionários, que inclui os da própria SIVA e os de outras empresas. "O importante para nós é que estamos com um crescimento superior no canal estratégico da rede total de concessionários e iremos acabar o ano na casa dos 10%."

A Audi quer crescer sustentada em duas vertentes. Primeiro, a continuação das acções comerciais com incentivos à compra, depois, a implementação da estratégia da Audi para o futuro. "A nossa estratégia futura assenta fundamentalmente em três pilares essenciais: electrificação, conectividade e condução autónoma", adianta o responsável nacional da marca dos quatro anéis.

Vejo o T-Roc como mais um concorrente. Desejo toda a felicidade ao T-Roc, desde que o Audi Q2 continue a atingir os seus objectivos. alberto godinho
Director-geral da Audi

"Um cliente que vá de férias para o Alentejo e quer mais potência durante 15 dias. Agora pode simplesmente fazê-lo através de uma actualização de software no computador do próprio carro", explica.

No campo da mobilidade eléctrica, a Audi vai lançar o seu primeiro veículo 100% eléctrico no final de 2018, o Electron. Até 2025, um terço das vendas da marca deve ser veículos eléctricos, estando previsto o lançamento de 20 modelos eléctricos e híbridos "plug-in".
Outra das apostas estratégicas foi o lançamento da Audi Sport como "uma marca autónoma, procurando vincar a vertente desportiva e de competição da marca".

O novo modelo da Autoeuropa chegou recentemente aos stands portugueses e o SUV T-Roc vai concorrer directamente com o Audi Q2. Apesar de pertencer também ao grupo Volkswagen, Alberto Godinho trata o T-Roc como um inimigo. "Enquanto SIVA e português fico satisfeito por o modelo ser fabricado em Portugal, até pelo impacto que tem na economia. Enquanto Audi, vejo o T-Roc como mais um concorrente. Desejo toda a felicidade ao T-Roc, desde que o Q2 continue a atingir os seus objectivos. Apesar de ser um primo, obviamente é um concorrente igual aos outros", afirma.

Entre os vários modelos relançados em 2017, Alberto Godinho destaca o topo de gama A8. "Foi um lançamento extraordinariamente importante para nós, não pelo volume de vendas, mas porque é verdadeiramente um embaixador da marca." O novo A8 é o primeiro veículo de produção "a poder vir equipado para trabalhar com o nível três de condução autónoma", isto é, o carro desloca-se sozinho até aos 60 quilómetros por hora. Mas vai ser preciso esperar para viajar desta forma no A8 porque ainda não existe legislação nesse sentido.

Crescer sem vendas aos "rent-a-car"
As vendas em Portugal subiram mais de 8% nos primeiros 11 meses de 2017. Parte deste crescimento tem acontecido à boleia do aumento do turismo em Portugal, que registou este ano um novo recorde.

Com a chegada de mais turistas, o negócio das empresas de aluguer de carros tem crescido, levando-as a comprarem mais automóveis. Apesar de muitas marcas apostarem forte neste canal de vendas, a Audi tem optado por ficar ao largo. "Estamos presentes neste canal, mas não é um canal estratégico para nós", afirma o director-geral da Audi, Alberto Godinho.

O "rent-a-car" pesa 25% nas vendas totais do mercado, face aos 3% nas vendas da marca alemã. Quando as empresas de aluguer de carros compram automóveis, os contratos têm clausulas "buy-back" que estipulam o preço pelo qual as marcas compram de volta estes carros ao fim de um ano. "Cerca de 95% das vendas feitas em ‘rent-a-car’ têm estas cláusulas, o que cria uma enorme pressão sobre a competitividade das margens geradas", destaca o responsável.

"Na maior parte dos casos, nós vamos retomar o carro um ano depois, e basta um pequeno erro na definição do valor [de recompra] para que depois o negócio tenha uma rentabilidade muito baixa ou até mesmo negativa", explica. O responsável aponta que tanto as gestoras de frotas, que vendem para empresas, como as companhias de "rent-a-car" "têm um poder negocial grande no mercado".

A Audi diz que "não quer nem pode diminuir o poder" das gestoras de frota e das companhias de "rent-a-car". "O mercado é o mercado", resume. "Um dos nossos grandes desafios para 2018 é melhorar o nosso desempenho no segmento das empresas, e isso passa por adequarmos a nossa oferta", remata Alberto Godinho.

Dieselgate resolvido este ano

Quando o escândalo da fraude das emissões poluentes foi revelado em Setembro de 2015, a  Audi contava com um total de 35 mil viaturas afectadas em Portugal. Iniciado o processo de reparação do software fraudulento, a Audi espera fechar ainda este ano o processo de reparação do software que manipula as emissões poluentes. "A nossa expectativa é ter este processo concluído até ao final do ano", diz o director-geral da Audi em Portugal, Alberto Godinho. Todavia, o responsável aponta que a percentagem de intervenções pode não chegar aos 100% porque existem clientes que a marca não consegue contactar, o que acontece nos casos dos carros já terem mudado de mãos. A intervenção "é rápida" e demora no máximo "duas horas", explica, com os concessionários a disponibilizarem um automóvel de substituição, se o cliente assim o pretender.

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