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Investimento chinês em vinhos pode estar a chegar ao fim
Durante anos, investidores chineses procuraram investir milhões e apoderar-se de grandes "chateaus" em Bordéus, mas tal cenário parece estar a desaparecer, à medida que o governo chinês tem imposto limites à saída de capital e a pandemia tem prejudicado os investimentos.
"Eles mais ou menos falharam no desenvolvimento da atividade vinícola", explica à Bloomberg Philippe de Poyferre, diretor-geral do Chateau Loudenne. "Não fazia sentido que continuassem com Loudenne", termina o responsável de um local que foi em tempos detido por investidores chineses, que foram iludidos pelo sucesso de nomes como Jack Ma ou o ator Zhao Wei, que também detêm propriedades na região de Bordéus.
No entanto, uma confluência de fatores tais como a diminuição da quantia de investimentos a curto-prazo, bem como os fluxos de capital, têm feito difícil o sucesso daqueles que querem produzir vinho na região francesa. A par disso, a pandemia e as guerras culturais com os trabalhadores franceses foram a gota de água neste processo.
Esta retração é emblemática, dado que os empresários asiáticos também se têm retraído de expansões internacionais em vários setores que vão do luxo aos seguros, indica a Bloomberg. Nos últimos anos, o escrutínio de grandes aquisições de grupos como a empresa de aviação HNA e a Fosun tem aumentado por parte de Pequim.
Esta onda de aquisições com vista à produção de vinho começou em 2011, depois do grupo COFCO, uma grande empresa agrícola detida pelo Estado chinês ter comprado o Chateau de Viaud como parte de uma expansão internacional promovida na altura pelo governo do país. Esse movimento inspirou outros empresários, com os chineses a representarem cerca de 80% das 30 compras de vinhas na região de Bordeaux nos últimos anos.
Na última década, os investidores chineses compraram cerca de 170 "chateaus", cerca de 2% das propriedades existentes na região. O declínio começou em 2019, com o aperto do controlo de capital que até hoje se tem vindo a agravar.