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Aumento massivo das importações ameaça queijos portugueses

Neste Dia Mundial do Queijo, a associação dos laticínios alerta para “algumas situações muito penalizadoras e que colocam em risco o setor”, desde logo o crescente valor de importações, que mais do que duplicou desde 2015, superando os 340 milhões de euros no ano passado.

Um armazém de queijos numa fábrica em Fidenza, na Itália
Bloomberg
Rui Neves ruineves@negocios.pt 20 de Janeiro de 2024 às 11:02

O clima, a geografia e a disponibilidade de diferentes tipos de leite (vaca, ovelha e cabra) desempenharam em Portugal um importante papel no desenvolvimento do fabrico de queijo ao longo dos tempos, pelo que, este sábado, 20 de janeiro, a Associação Nacional dos Industriais de Laticínios (ANIL) celebra o Dia Mundial do Queijo homenageando a indústria queijeira "enquanto promotora da tradição e fundamental para o património gastronómico português, parte da identidade cultural de diferentes regiões.

 

Em Portugal existem 334 indústrias de leite e derivados, na sua grande maioria fabricantes de queijo, com a indústria láctea nacional a gerar mais de 1,6 mil milhões de euros por ano – "é a terceira indústria mais valorizada no seio da indústria alimentar, com 11% das vendas", realça Maria Cândida Marramaque, diretora geral da ANIL, em comunicado.

 

De acordo com os últimos números do INE, ainda referentes a 2022, a produção total do setor dos queijos cresceu 1% nesse ano, tendo atingido as 90 mil toneladas, representando 37% do volume de negócios da indústria de laticínios.

 

Relativamente ao consumo, o valor per capita de queijo atingiu os 14,5 quilos em 2022.

"O consumo deste alimento está muito enraizado nos hábitos alimentares dos portugueses, sendo um alimento presente em praticamente todos os lares, no entanto, é necessário continuar a fomentar uma cultura de queijo", sinaliza a mesma associação.

 

«A ANIL não pode, contudo, neste dia, deixar de dar nota de algumas situações muito penalizadoras e que colocam em risco o setor" alerta Maria Cândida Marramaque.

 

"Desde logo, o crescente valor de importações de queijo de baixo valor acrescentado provenientes de países do Norte da Europa, bem como de análogos de queijo (produto que integra na sua composição gordura vegetal)", afirma, constatando-se que, "em 2023, no período de janeiro a novembro, é possível verificar que Portugal já tinha importado quase 340 milhões de euros, um valor que é mais do dobro do que o valor referente a 2015".

 

"Numa outra dimensão, está a necessidade de delinear uma estratégia que permita recuperar a produção de leite de pequenos ruminantes (ovelha e cabra), importante para uma grande parte dos queijos de produção nacional", alerta a mesma dirigente associativa.

 

Para a ANIL, "as diferentes variedades de queijo podem ser vistas como símbolos nacionais e regionais, considerando que "as dinâmicas positivas criadas nas localidades onde estão implantadas unidades transformadoras refletem-se como dinamizadoras da economia, criam riqueza, geram emprego e contribuem para a manutenção da atividade agrícola e da produção animal, associada à produção de leite de qualidade e ao fabrico de queijo".

 

"Portugal tem um vasto património de queijos DOP e IGP, que refletem um saber fazer de gerações, aliados, entre outros aspetos, ao território e à preservação de raças autóctones. Tem ainda um sem número de referências de diferentes queijos tradicionais e regionais, às quais se juntam o queijo flamengo – o mais consumido em termos nacionais, um novo leque de opções inovadoras, mais arrojadas que desafiam o paladar dos mais atrevidos", remata a ANIL.

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