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Agricultores do Norte vão manter bloqueios em Valença até serem "ouvidos" e terem "alternativas"

Movimento de Agricultores do Norte tem na estrada marchas lentas e garante que não vai desmobilizar até ser "ouvido" pelo Governo. Descontentamento recai, entre outros, sobre a desvalorização e despromoção dos baldios e os seus apoios específicos e pelo "desbaratar" do potencial de pastoreio e das vantagens da agricultura designadamente na prevenção de incêndios rurais.

Protesto dos agricultores provoca constrangimentos na circulação na IC32 devido a uma marcha lenta nas zonas de Alcochete, Montijo e Moita.
Rui Menderico
Diana do Mar dianamar@negocios.pt 06 de Fevereiro de 2024 às 13:07
O Movimento de Agricultores do Norte promete manter os bloqueios em Valença, onde centenas de agricultores, com mais de 100 veículos, incluindo tratores, têm condicionado, desde esta manhã, os acessos designadamente em direção a Espanha, até "ser ouvido por alguém de direito que dê alternativas".

"Até que alguém nos esteja disposto a ouvir não vamos desmobilizar. Acha que queria estar a bloquear autoestradas, condicionando a vida de quem não tem culpa nenhuma? Não, mas infelizmente só assim conseguimos chamar a atenção", lamenta Adelino Esteves, um dos participantes dos protestos, ao Negócios.

O Movimento de Agricultores do Norte convocou duas marchas lentas, em simultâneo, que, segundo a RTP, por volta do meio dia, levaram ao corte da rotunda da Estrada Nacional 13 em São Pedro da Torre, em Valença, e estavam a condicionar a circulação na A3 entre as portagens e a ponte internacional Valença-Tui.

"Sinto-me muito revoltado, mas já não estou a lutar por mim, mas pelos meus filhos e pelos meus netos. Nós não pedimos elevados subsídios, mas pequenas ajudas para poder sobreviver, porque nós trabalhamos", diz Adelino Esteves, produtor natural de Arcos de Valdevez, que conta com 60 cabeças de gado, de bovinos e ovinos, de raças autóctones, herdando da família "as práticas ancestrais do pastoreio" que, enfatiza, "respeitam o ambiente".

Os motivos do descontentamento dos agricultores do Norte incluem desde logo "a desvalorização e despromoção dos baldios e os seus apoios específicos, desbarantando o seu potencial de pastoreio e as vantagens da agricultura na gestão destas áreas e na prevenção de incêndios rurais". "É dramático  - não só para a agricultura, mas também para a natureza, para os ecossistemas, e até para o turismo, mas sobretudo para a identidade dos territórios. Se destruímos isto não há dinheiro que recupere", alerta, manifestando-se triste com a falta de "sensibilidade" dos políticos.

Outro foco prende-se com os "elevados custos dos fatores de produção" e o "esmagamento das margens de lucro da produção primária pela distribuição". "Os custos de produção estão como toda a gente sabe e, depois, um agricultor produz a 1 euro, mas você vai ao supermercado e compra a 3,5 euros. Para onde vai essa margem?", questiona.

Esta foi a primeira vez que o Movimento de Agricultores do Norte saiu para a rua em protesto de forma "mais incorporada", mas antes já tinham chamado a atenção do Ministério da Agricultura para os problemas da região, com Adelino Esteves a dar conta de que há sensivelmente um ano houve reuniões com a ministra, Maria do Céu Antunes, que "ficou de criar um grupo de trabalho", o que, lamenta, "não aconteceu".

"Dizem que uma imagem vale mais do que mil palavras. Sinto-me triste por não ter ninguém que venha ao local perceber as nossas especificidades e por não ter um Governo que, diante de determinadas imposições da Comissão Europeia, as explique", realça.
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