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Moody's: Envelhecimento da população cria "buraco financeiro" superior a 5% do PIB em Portugal

O envelhecimento da população vai criar mudanças estruturais nas economias avançadas. Em Portugal, o impacto poderá superior a 5% do PIB, segundo cálculos da Moody's. Só a Grécia e Itália têm um "buraco" maior.

04 de Março de 2020 às 13:53
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Caso não haja mudanças nas políticas, a Moody's estima que se criará um "buraco financeiro" superior a 5% do PIB em Portugal até 2040, valor semelhante ao do Japão, com as consequências do envelhecimento da população. Apenas a Grécia e Itália terão um problema maior para lidar na ordem dos 15% do PIB.

O estudo da Moody's divulgado esta quarta-feira, 3 de março, assume que o envelhecimento da população, com a perda de força de trabalho e o aumento de pensionistas, levará a uma menor poupança das famílias e a um aumento da necessidade de pedir empréstimos, o que criará "lacunas de financiamento" para os Estados mais afetados por este fenómeno. 

A Moody's prevê que a taxa de poupança das famílias até aumente no curto e no médio prazo em antecipação daquilo que esperam que seja um maior período de velhice, mas no longo prazo "a evidência empírica sugere que o envelhecimento da população vai provavelmente baixar a poupança" uma vez que encolherá a proporção de reformados face à população ativa. Portugal é um desses casos onde a taxa de poupança, que já é baixa face à média europeia, vai passar a ser negativa. 

A conjugação de menores poupanças e de mais gastos reforçarão a "concorrência" por financiamento, aumentando as taxas de juro e diminuindo a acessibilidade do serviço da dívida, segundo os analistas da agência de rating. Atualmente o desafio dos bancos centrais é o oposto dado que o "excesso" de poupança a nível mundial está a levar os custos de financiamento para níveis cada vez mais baixos sem causar as pressões inflacionistas desejadas. 
Num cenário que haja mais dificuldade em ter acesso ao financiamento, os bancos centrais "vão provavelmente aumentar" o balanço para adquirir obrigações dos Estados, o que trará "desafios" para a política monetária, nomeadamente sobre a sua "eficácia" no longo prazo e os perigos para a estabilidade do setor financeiro. 

A questão também se coloca para a política orçamental uma vez que maiores taxas de juro implicarão mais despesa com o serviço da dívida, dificultando o controlo dos gastos públicos numa altura em que os encargos com pensões também serão expressivos. Em último caso, a agência de notação financeira admite que este fenómeno terá consequências no rating das obrigações soberanas destes Estados.

O relatório da Moody's inclui uma análise a países como a Áustria, Bélgica, Alemanha, Grécia, Itália, Japão, Coreia do Sul, Holanda, Polónia, Portugal, Espanha e Suíça. É nestes países que o ritmo de envelhecimento da população é maior. As simulações da agência de rating sugerem que os saldos orçamentais vão deteriorar-se "significativamente" até 2040, se não houver medidas, em todos estes países, ficando apenas a Alemanha com um excedente orçamental.
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