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O CEO que liderou a recuperação de 37 mil milhões de uma farmacêutica
"Olhando para trás, foi um começo muito difícil. Ficou melhor com o tempo", salientou George Nakayama, numa entrevista.
O futuro parecia sombrio para a farmacêutica japonesa Daiichi Sankyo quando George Nakayama assumiu a presidência em 2010.
As ações da empresa estavam em queda livre há seis anos, a sua filial indiana Ranbaxy Laboratories tinha sido proibida de vender produtos nos Estados Unidos e um novo remédio anticoagulante tinha recebido o mais rigoroso alerta de segurança.
Nakayama, ex-vendedor de uma das maiores cervejarias do Japão, decidiu reestruturar a Daiichi Sankyo, afastando-se de remédios genéricos e voltando-se para o negócio mais lucrativo de medicamentos contra o cancro. O executivo vendeu a Ranbaxy, envolvida em escândalos, por 3,2 mil milhões de dólares, comprou duas fabricantes de medicamentos contra o cancro com sede nos EUA e concentrou-se em pesquisas sobre uma classe de medicamentos que poderia substituir a quimioterapia.
A recompensa chegou em março, quando a farmacêutica britânica AstraZeneca fechou um acordo para pagar até 6,9 mil milhões de dólares para desenvolver conjuntamente um desses medicamentos, chamados anticorpos conjugados, para pacientes com cancro da mama e outros tipos de tumores. Sob o plano de recuperação de Nakayama, as ações da Daiichi Sankyo dispararam 470% para um nível recorde - adicionando 37 mil milhões de dólares em valor de mercado para torná-la a segunda maior fabricante de medicamentos do Japão, depois de a Takeda Pharmaceutical.
"Muitas coisas aconteceram, mas eu tive muita sorte", afirmou Nakayama, de 69 anos, durante uma entrevista a 12 de julho. "Olhando para trás, foi um começo muito difícil. Ficou melhor com o tempo."
Logo após o acordo, Nakayama passou o cargo de CEO a Sunao Manabe, embora continue a ser "chairman". O executivo deixa o posto de CEO num bom momento: a Daiichi Sankyo tem o melhor desempenho este ano num índice MSCI das maiores farmacêuticas.
Analistas dizem que o futuro parece brilhante para a companhia com sede em Tóquio, criada em 2005 após a fusão da Daiichi Pharmaceutical com a Sankyo. As receitas devem crescer 14% até 2023, enquanto o lucro operacional aumentará 78%, segundo analistas consultados pela Bloomberg.
"A mudança de estratégia está a começar a dar certo", afirmou Yasuhiro Nakazawa, analista da SMBC Nikko Securities, em Tóquio. "A Daiichi Sankyo está mesmo a apostar no novo rumo como um todo."
(Texto original: The CEO Who Capped a $37 Billion Recovery With a Cancer Drug Deal)