Em curso estão dois processos – um de inquérito e outro administrativo – para apurar o alegado desvio de doentes que foi denunciado numa reportagem da TVI, escreve hoje o “Jornal de Notícias”. Nessa reportagem são contados vários episódios de desvio de doentes e há pelo menos três médicas que fazem denúncias de práticas ilícitas por parte de outros colegas de profissão.

Fonte do Ministério da Saúde conta ao jornal que o processo administrativo tem em conta outras denúncias que foram levantadas por um jornal electrónico. Desde 2008, a IGAS instaurou diversos processos por causa deste tipo de práticas, mas com poucos resultados: só num caso foi aplicada a pena de demissão, em dois houve lugar ao pagamento de uma multa, noutro houve uma repreensão e num outro caso o clínico foi alvo de uma suspensão.

A reportagem da TVI conta vários casos de doentes que são levados “como mercadoria para as clínicas privadas”. Laurentina Ribeiro, por exemplo, foi encaminhada pelo médico para a CUF para ser operada a uma hérnia abdominal. No total, pagou 2.850 euros, transcreve o “JN” na edição de hoje.

As denúncias de desvio de doentes por médicos que trabalham em hospitais públicos mas que também têm um consultório privado são antigas mas nem sempre são investigadas directamente pela IGAS. A TVI chegou a encontrar um cirurgião a trabalhar no privado no horário em que estava escalado para estar de serviço na urgência do hospital Pedro Hispano.

O bastonário da Ordem dos Médicos garantiu que vão ser aplicadas “penas gravíssimas as prevaricadores”, nomeadamente a expulsão da corporação.