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Hospital Santa Maria reduziu em 21% exames feitos no privado
A administração do maior hospital do País apostou na realização de exames dentro de portas, mas admite que ainda existe uma subutilização dos equipamentos.
O Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHLN), que inclui o Hospital Santa Maria e o Pulido Valente, mandou fazer em 2013 menos 8.554 exames nas clínicas privadas com acordos do que no ano anterior. É uma redução de cerca de 21% que se traduziu numa poupança de mais de perto de 420 mil euros. Ao mesmo tempo incrementou a produção interna.
“Publicámos o regulamento interno de contratação no portal do CHLN, implementámos um novo circuito de pedidos de exames ao exterior com monitorização e avaliação da directora clínica, designadamente por revisão de critérios de prescrição, agendas e programação de exames urgentes e não urgentes, formulários novos, critérios de selecção e orientação. Todos os contratos externos, devidamente fundamentados, passaram a ser visados pela direcção clínica”, começou por elencar ao Negócios Carlos Martins.
Mas as alterações não se ficaram por aí. “Simultaneamente os horários da imagiologia no CHLN, designadamente da ressonância magnética e TAC, passaram a ser das 8h00 às 20h00, com produção adicional efectuada aos sábados, estando prevista a mesma modalidade para os domingos e para o período das 20 às 24 horas, sempre que se justifique”, completou.
O alargamento do horário de funcionamento dos equipamentos só foi possível com “reestruturações de horários” dos profissionais e isso foi conseguido em grande parte graças ao alargamento do horário de trabalho para as 40 horas que permitiu “colmatar as saídas” de enfermeiros, técnicos e assistentes operacionais, revelou o administrador.
E com estas alterações foi possível reduzir o número de exames feitos no exterior (menos 8.558), em clínicas privadas, e aumentar a produção dentro de portas. Ao todo, o CHLN gastou, em 2013, mais de 1,5 milhões de euros com exames feitos em clínicas privadas, num total de mais de 32 mil exames.
Esta diminuição, segundo Carlos Martins, não comprometeu os tempos de espera. Segundo o gestor, “as listas e os tempos de espera têm diminuído”.
Administração admite subutilização apontada pela inspecção-geral
A subutilização dos equipamentos de imagiologia neste centro hospitalar é revelada num relatório de auditoria da IGAS, a que a Lusa teve acesso na quarta-feira.
Questionado sobre as conclusões da IGAS, Carlos Martins afirmou que a subutilização “decorria, e ainda decorre parcialmente, de vários factores desde a ausência de capacidade de investimento em novos equipamentos e da então não centralização de vários equipamentos, por alteração de áreas físicas, assim como devido ao planeamento de recursos humanos”.
Admitindo que a capacidade instalada ainda não está totalmente aproveitada, o administrador afirmou que “será efectuada uma nova reestruturação da imagiologia, adequando este serviço à estratégia e planeamento que iremos reforçar para o biénio 2014/2015”.
As conclusões da IGAS relativamente ao CHLN estendem-se a outras três entidades hospitalares – Centro Hospitalar de S. João, Centro Hospitalar Universitário de Coimbra e Hospital Fernando da Fonseca. Segundo a Lusa, no relatório pode-se ler que há "uma clara subutilização da capacidade física instalada em matéria de equipamentos imagiológicos, subsistindo margem de progressão/optimização da capacidade instalada". E, para a IGAS, o nível de produção de exames de imagiologia está mais associado a "condicionamentos de organização", disponibilidade de pessoal e horários de trabalho, do que à inactividade dos equipamentos.
A inspecção em causa ocorreu no período de Abril a Julho de 2013.
De lembrar que em meados de 2011 o Ministério da Saúde deu uma orientação aos hospitais para esgotarem toda a capacidade interna antes de passarem credenciais para os utentes realizarem exames – ecografias, ressonância, TAC, entre outros – fora, em clínicas privadas.