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GlaxoSmithKline vai deixar de pagar a médicos que participem em congressos

Multinacional farmacêutica vai mudar forma como se relaciona com os médicos em prol da “transparência”. Também os delegados de informação médica vão deixar de receber por metas individuais

Bloomberg
17 de Dezembro de 2013 às 13:48
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A empresa farmacêutica GlaxoSmithKline (GSK) vai revolucionar o actual modelo de relação das farmacêuticas com os médicos. Já no próximo ano, mas com efeitos essencialmente a partir de 2016, a GSK deixará de pagar a médicos que falam em palestras e reuniões nacionais e vai deixar também de subsidiar deslocações a congressos no estrangeiro. A notícia foi avançada, esta terça-feira, pela “casa-mãe” e o director-geral da empresa em Portugal confirmou que as mudanças se estendem a todos os países onde a Glaxo está presente.

 

“No sentido de aumentar significativamente a transparência das relações entre a GSK e os profissionais de saúde decidimos, como companhia, deixar de pagar ‘speaker fees’ [honorários] aos médicos por prestação de serviços em palestras nacionais e também deixar de dar ajudas de custo para deslocação e alojamento a médicos que vão a congressos”, confirmou ao Negócios Eduardo Pinto Leite, director-geral da GSK Portugal.

 

No primeiro caso, estão em causa conferências ou palestras organizadas sobretudo por sociedades médicas para debater um determinado problema de saúde, ou então reuniões mais fechadas entre médicos de uma determinada especialidade. A regra é a indústria farmacêutica patrocinar esses eventos e pagar aos médicos que vão participar como oradores. No segundo caso, tratam-se de congressos, sobretudo no estrangeiro, onde os médicos vão com o objectivo de ficar a conhecer os últimos resultados, estudos e desenvolvimentos sobre um determinado problema de saúde. Também neste caso, é prática serem as farmacêuticas a avançarem com o pagamento das ajudas de custo.

 

Estas mudanças começarão a operar-se já em 2014 mas só estarão efectivamente implementadas a partir de 2016. No comunicado da empresa lê-se também que as mudanças se aplicarão a todos os países onde a Glaxo está presente.

 

Delegados de acção médica deixam de receber por metas individuais

Outra das alterações em vista, e copiando o que já está no terreno nos Estados Unidos desde 2011, tem que ver com a forma de remuneração dos delegados de informação médica.

 

O novo programa de compensação, de acordo com o comunicado divulgado esta terça-feira pela multinacional, não terá metas de vendas individuais. “Em vez disso, os profissionais de vendas da GSK que trabalham directamente com a prescrição serão avaliados e recompensados ??pelo seu conhecimento técnico, a qualidade do serviço que prestam para apoiar a melhoria da assistência ao paciente e o desempenho geral dos negócios da GSK”, lê-se no comunicado que diz ainda que o objectivo é esse novo sistema de pagamentos estar em marcha em 2015.

 

Segundo Andrew Witty, CEO da GSK, é necessário a empresa dar respostas “às necessidades dos pacientes e atender às expectativas mais amplas da sociedade”, como tem vindo a acontecer nos últimos cinco anos.

 

“Hoje estamos a delinear um novo conjunto de medidas para modernizar o nosso relacionamento com os profissionais de saúde”, de forma a “garantir uma maior transparência e confiança” para que “quando falamos com médicos, enfermeiros e prescritores os interesses dos pacientes venham sempre em primeiro lugar”.

 

O responsável reconhece que a farmacêutica tem um papel importante no acesso à informação sobre os seus medicamentos, por parte da classe médica, mas que “isso deve ser feito de forma clara, transparente e sem qualquer percepção de conflito de interesses”.

 

Autoridades chinesas acusam Glaxo de surborno

De lembrar que está a decorrer actualmente uma investigação à GlaxoSmithKline, na sequência de uma acusação por parte das autoridades chinesas. Segundo estas, a GSK terá destinado até três mil milhões de yuans (356,6 milhões de euros) para agências de viagens a fim de facilitar subornos para impulsionar as vendas dos seus medicamentos. A investigação deverá estar concluída em breve e segundo a imprensa internacional é esperado que sejam acusados alguns executivos da empresa farmacêutica.

 

Por causa desta investigação por suborno, em Outubro, segundo dados da farmacêutica, as vendas de medicamentos e vacinas no terceiro trimestre caíram 61% na China.

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