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Tsai Ing-wen: Independentista e primeira mulher Presidente de Taiwan

A nova Presidente apelou a um "diálogo positivo" com a China, no seu discurso de tomada de posse, marcado pelo tom conciliatório perante a crescente hostilidade de Pequim.

Reuters
20 de Maio de 2016 às 07:28
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Tsai Ing-wen, do independentista Partido Democrata Progressista, tornou-se esta sexta-feira, 20 de Maio, na primeira mulher Presidente de Taiwan, com uma mensagem de maior autonomia face à China e de reforma social e económica.

 

Tsai tomou posse no palácio presidencial em Taipé após ter vencido as eleições por larga margem em Janeiro, marcando o fim de oito anos de governos do Partido Kuomintang, próximo da China e promotor da aproximação a Pequim.

 

A nova Presidente apelou a um "diálogo positivo" com a China, no seu discurso de tomada de posse, marcado pelo tom conciliatório perante a crescente hostilidade de Pequim.

"Os dois governos, dos dois lados do estreito, devem pôr de lado o fardo da história e envolverem-se num diálogo positivo, para benefício dos povos de ambos os lados", disse no discurso no exterior do gabinete presidencial em Taip

 

A subida ao poder de Tsai acontece sob o fantasma da deterioração de laços com a China e ao fim de 15 meses de descidas nas exportações.

 

Taiwan é independente desde 1949, data em que os nacionalistas do KMT ali se refugiaram depois de terem sido derrotados pelos comunistas, que fundaram, no continente, a República Popular da China.

 

A China considera Taiwan parte do seu território e tem vindo a pressionar Tsai a apoiar o conceito de "Uma China", com as relações a esfriar depois de uma aproximação durante a liderança de Ma Ying-jeou.

Tsai e o seu Partido Democrata Progressista nunca apoiaram a mensagem de "Uma China", ao contrário do ex-Presidente, que liderou oito anos de aproximação a Pequim.

 

"As relações dos dois lados do Estreito tornaram-se parte integral da construção da paz regional e segurança coletiva", disse perante uma audiência de 20 mil pessoas.

"Neste processo, Taiwan será um guardião fiel da paz, que participa ativamente e nunca estará ausente", afirmou.

Pequim tem adotado uma postura assertiva desde que Tsai venceu as eleições em Janeiro. Advertiu contra qualquer tentativa de Taiwan declarar independência, enquanto o exército chinês realizou pelo menos três exercícios de aterragem no sudeste do país este mês, vistos como intimações à ilha.

 

A imprensa estatal chinesa ignorou hoje a tomada de posse da nova Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, cética quanto à aproximação a Pequim, enquanto pesquisas pelo seu nome ou "Taiwan" foram censuradas nas redes sociais.
 

A televisão CCTV e o jornal oficial do PCC, o Diário do Povo, não noticiaram a tomada de posse e a agência noticiosa oficial chinesa Xinhua reportou o acontecimento num despacho de uma linha, publicado duas horas depois.


Durante o percurso da China em direcção à posição dominante que ocupa agora no mundo, Taiwan foi sendo progressivamente marginalizada na cena diplomática, sendo apenas oficialmente reconhecida por 22 países.

Em editorial, o Global Times, jornal do grupo Diário do Povo, afirma que a ascensão de Tsai ao poder "marca o início de uma era de incerteza na relação entre os dois lados do estreito de Taiwan".

 

"Algumas pessoas continuam a fantasiar que uma independência ?soft' é negociável. Talvez seja inevitável a ressurgência de disputas, como forma de afastar o tópico da independência de Taiwan de uma vez por todas", conclui o Global Times.

Depois da guerra civil chinesa ter acabado, em 1949, com a vitória do Partido Comunista da China (PCC), o antigo governo nacionalista (Kuomintang) refugiou-se na ilha de Taiwan, onde continua a identificar-se como governante de toda a China.

A ilha mantém laços informais com os Estados Unidos.

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