Notícia
Sondagem: Programas dos partidos devem apostar no SNS
Prioridades há muitas e os portugueses dividem-se. Mas o investimento no Serviço Nacional de Saúde destaca-se entre os temas que querem ver inscritos nos programas dos partidos, fazendo o pleno nos diferentes eleitorados, do PCP ao CDS.
Numa altura em que os partidos ultimam os seus programas eleitorais e alguns começam já a avançar com propostas concretas, a Aximage tentou perceber quais devem, na opinião dos portugueses, ser as prioridades.
Em primeiro lugar, destacadíssimo, surge o investimento no Serviço Nacional de Saúde como a grande prioridade na opinião dos portugueses. Quase 37% identificaram a aposta no SNS como o tema mais relevante que deve constar nas agendas partidárias. E, segundo a mesma sondagem, há ainda 32% dos portugueses que elegem o investimento no SNS como o segundo tema mais relevante, destacadíssimo dos restantes. E ao contrário do que sucede com os outros temas, no caso do SNS a preocupação é consensual nos eleitorados de todos os partidos.
O inquérito da Aximage, feito para o Negócios e Correio da Manhã, baseia-se em respostas espontâneas dos inquiridos que são convidados a nomear o tema mais importante que deve constar nos programas eleitorais. Escolhido o primeiro, é pedido aos inquiridos que apontem um segundo tema. Depois, as respostas são agrupadas em grandes temas, de modo a facilitar uma leitura das respostas.
A corrupção deve ser o grande tema dos programas dos partidos na opinião de 12,6% dos portugueses. É curioso que, na segunda ronda, este tópico passa para nono lugar, o que sugere que a corrupção é uma grande preocupação de uma parte da população, mas que acaba relegado para segundo plano pela maioria.
Em terceiro e quarto lugar no concurso a tema prioritário dos programas eleitorais surgem duas matérias que estão também muito presentes no debate público: o aumento de salários e pensões e a melhoria da qualidade e segurança do emprego. Os dois tópicos são vistos como a prioridade número um por 9,3% e 9% dos portugueses.
Em quinto lugar, surge uma questão mais abstrata, mas não menos importante na medida em que condiciona tudo o resto: a estabilidade económica e financeira do país. É a prioridade máxima para 7% dos inquiridos.
Curiosamente, ficam para sexto e sétimo lugar dois temas que têm marcado o debate em Portugal nos últimos meses. Por um lado, a questão da carga fiscal, que tanta polémica tem gerado entre Governo e partidos da oposição, só é apontada como preocupação número um por 3,6% dos portugueses, que consideram que a prioridade deve ser baixar impostos. Por outro lado, o combate às alterações climáticas, que ganhou muito protagonismo mediático no país, e por todo o mundo, só é visto como tema número um por 2,7% dos portugueses (com uma percentagem idêntica na segunda ronda de perguntas).
Prioridades variam com preferências partidárias
Olhando para os resultados da Aximage, desagregados por preferências partidárias, conclui-se logo à partida que o investimento no SNS é a grande prioridade do eleitorado de todos os partidos. Por exemplo, no PSD são 56,7% que o elegem como tema prioritário, percentagem que sobe para 65,1% no PS, 77,2% na CDU e quase 80% no PAN. No Bloco de Esquerda, que tem mantido um braço de ferro com o Governo por causa das PPP, essa percentagem é de 52%, enquanto o CDS tem o eleitorado menos sensível ao tema: 32,3%.
Nos outros dossiês já se encontram tendências diferenciadoras entre os partidos. Por exemplo, o combate à corrupção é muito valorizado entre o eleitorado do PSD e do PAN, mas são poucos os eleitores do Bloco ou do PS que têm a corrupção como preocupação principal.
Na qualidade do emprego, que remete para questões como segurança laboral e horários de trabalho, é no BE, CDU e PAN que se encontram os eleitorados mais sensíveis à matéria.
Pelo contrário, na redução dos impostos, é visível que o tema tem uma preponderância muito maior no eleitorado do CDS do que nos outros partidos. E no combate às alterações climáticas é o Bloco que tem o eleitorado mais militante nesta área, seguido do PS e depois o PAN.
Desafios do clima e da digitalização
O combate às alterações climáticas e a adaptação do país ao desafio da digitalização são dois temas que deverão ganhar protagonismo nos programas eleitorais dos partidos, segundo um levantamento do Negócios, publicado na edição de terça-feira. A preocupação parece ser transversal a todos os partidos, embora uns vão mais longe do que outros. PS e PCP já definiram aquelas duas áreas como temas centrais dos seus programas. O CDS propõe-se encontrar respostas para as mudanças que o mundo digital implica, mas não vai deixar de dar relevo ao desafio climático, enquanto Bloco e PAN vão reforçar o peso que já atribuíam às questões ambientais. Quanto ao PSD, a documentação produzida pelo Conselho Estratégico do partido, nomeadamente o relatório da secção temática do Ambiente, identifica as alterações climáticas como um dos temas a ter em conta pelos sociais-democratas, havendo ideias em cima da mesa como a adaptação das políticas energéticas às mudanças do clima ou o incentivo à economia circular.
FICHA TÉCNICA
Universo: indivíduos inscritos nos cadernos eleitorais em Portugal com telefone fixo no lar ou possuidor de telemóvel.
Amostra: aleatória e estratificada (região, habitat, sexo, idade, escolaridade, atividade) e representativa do universo e foi extraída de um sub-universo obtido de forma idêntica. A amostra teve 605 entrevistas efectivas: 298 a homens e 307 a mulheres; 59 no Interior Norte Centro, 81 no Litoral Norte, 105 na Área Metropolitana do Porto, 109 no Litoral Centro, 173 na Área Metropolitana de Lisboa e 78 no Sul e Ilhas; 100 em aldeias, 159 em vilas e 346 em cidades. A proporcionalidade pelas variáveis de estratificação é obtida após reequilibragem amostral.
Técnica: Entrevista telefónica por C.A.T.I., tendo o trabalho de campo decorrido nos dias 13 a 19 de Junho de 2019, com uma taxa de resposta de 71,3%.
Erro probabilístico: Para o total de uma amostra aleatória simples com 605 entrevistas, o desvio padrão máximo de uma proporção é 0,020 (ou seja, uma "margem de erro" - a 95% - de 4,00%).
Responsabilidade do estudo: Aximage Comunicação e Imagem Lda., sob a direcção técnica de João Queiroz.