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PSD dividido em Coimbra e com ameaças de boicote a José Manuel Silva

A candidatura do ex-bastonário dos médicos à câmara de Coimbra está a ser tudo menos pacífica. O MPT retirou o apoio a José Manuel Silva, no CDS a convulsão redundou em demissão e no PSD há, segundo apurou o Negócios, ameaças de boicote ao antigo bastonário.

Pedro Catarino
04 de Maio de 2021 às 15:29
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A candidatura do médico José Manuel Silva à câmara de Coimbra está a fazer mal à saúde da estrutura social-democrata local, onde às críticas feitas à escolha da direção nacional do partido se somam agora, segundo apurou o Negócios, ameaças de boicote ao movimento protagonizado pelo ex-bastonário.

Os militantes do PSD-Coimbra ainda não digeriram a forma como a direção de Rui Rio impôs o atual vereador independente eleito, em 2017, pelo movimento Somos Coimbra, em detrimento de Nuno Freitas, o nome escolhido pela concelhia e distrital do partido que acabou por não ser homologado pela estrutura nacional.

O PSD acreditava que o avançar do tempo e o aproximar das eleições locais previstas para setembro/outubro permitissem uma confluência em torno de José Manuel Silva, contudo a forma como o ex-bastonário tem gerido o processo autárquico está a aprofundar o descontentamento existente no seio dos sociais-democratas de Coimbra, ao ponto de ecoarem já ameaças de boicote.

Ao que o Negócios pôde apurar, essas ameaças incluem, naturalmente, a possibilidade de voto noutra candidatura que não a apoiada pelo PSD, mas também a rejeição à entrada nas listas aos diferentes órgãos locais e até mesmo a de apoio público a outras candidaturas.

Rui Soares, presidente da junta da União de Freguesias de Souselas e Botão, a única eleita pelo Somos Coimbra há quatro anos, reconhece que "vai haver sempre dissidentes, nós próprios tivemos alguns dentro do movimento", diz aludindo a 11 dirigentes que em outubro abandonaram o movimento em rutura com José Manuel Silva.

Este autarca considera que a "ameaça de boicote é normal", mas desvaloriza-a por se tratar de poucas pessoas, que acusa de se moverem somente por interesse pessoal: "há meia dúzia que estavam habituados a negociar lugares e neste momento isso não existe, agora é pela competência e currículo que se decidem os lugares e não por se ser do partido A, B ou C".

Já João Campos, presidente da União das Freguesias de Coimbra e dirigente local do PSD, admite um "descontentamento generalizado" dos militantes sociais-democratas, partilhado pelo próprio, pela forma como a direção nacional desrespeitou a vontade das estruturas locais. Entre os sociais-democratas coimbrenses uma das razões geradora de revolta são as sondagens que o PSD terá encomendado e que indicariam ser José Manuel Silva o melhor candidato, no entanto tais estudos nunca foram mostrados aos militantes.

Antecipando que, "à partida", será recandidato nestas eleições, João Campos assume como "provável" que haja "pessoas que não aceitarão integrar as listas e que não irão votar nesta lista [de José Manuel Silva]", algo que diz ser normal "porque sempre aconteceu" em situações de apoio a um candidato independente, porém afasta um movimento de boicote generalizado à escolha validada por Rui Rio.

Às críticas de que o antigo bastonário está a liderar com excessivo centralismo o processo autárquico e de que privilegia em demasia os seus interesses, Rui Soares responde com a garantia de que é "muito fácil" trabalhar com o vereador independente, que "delega as coisas" apesar de lhe caber a ele "tomar as rédeas da situação".

Uma fonte oficial da direção do PSD garantiu ao Negócios desconhecer focos de deslaçamento no PSD-Coimbra: "o que sabemos é que a estrutura concelhia e distrital, neste momento, estão apoiar ativamente a candidatura de José Manuel Silva. Se há militantes descontentes com esta candidatura, já o manifestaram aquando da sua indicação".

Coligação com CDS mantém-se de pé

Já depois de o Movimento Partido da Terra (MPT) ter anunciado a retirada da coligação de apoio a José Manuel Silva, agastado com a "falta de transparência e de verticalidade" da agenda da aliança em torno do médico, esta segunda-feira o recém-criado jornal Novo avançou que a concelhia do CDS-Coimbra decidira apresentar candidato próprio às autárquicas, saindo assim da coligação de apoio ao antigo bastonário.

Todavia, até ao momento o apoio do CDS ao movimento Somos Coimbra não foi formalmente retirado, até porque a distrital local do partido continua ao lado de José Manuel Silva. 

"Aguardamos que o processo ascenda à direção do partido. A concelhia assinou um acordo de coligação, a distrital confirmou-o. Neste momento, em termos formais, existe acordo de coligação", explica ainda, ao Negócios, fonte da direção centrista liderada por Francisco Rodrigues dos Santos.

A aposta de Rio para derrubar o socialista Manuel Machado, atual líder da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), continua aquém de mobilizar a unidade pretendida.

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